A morte do tenente-coronel da Polícia Militar, Oéliton Santana de Figueiredo, de 44 anos, na manhã desta segunda-feira (1º), serve de alerta para o suicídio entre policiais militares. Ele foi encontrado morto, com a arma na mão, em frente a casa em que morava, no bairro São Francisco, em Campo Grande.
O capelão Edilson dos Reis, capitão da reserva do Corpo de Bombeiros do Estado, comentou que o suicídio é um fenômeno mundial.
Ele cita os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), que estima que a cada 40 segundos uma pessoa se mata em todo o mundo, sendo o Brasil o país com a 8ª maior taxa mundial. Este índice considera o número de casos a cada 100 mil habitantes.
Ainda segundo Reis, Mato Grosso do Sul é um estado com histórico violento sobre o assunto: o terceiro pior no ranking nacional. A maioria dos casos é resultado de um quadro depressivo e, dentro das instituições militares, não poderia ser diferente, com algumas questões específicas. “Ocorre que as pessoas não aceitam o diagnóstico", diz.
“A cada 10 pessoas que cometem suicídio, sete tinham depressão e suspenderam o tratamento por conta própria”, revela. O tratamento a que o capelão se refere é tanto terapêutico quanto medicamentoso.
Como militar da reserva, ele cita algumas questões específicas da área. Dentre elas, a cobrança da sociedade de uma "perfeição" em relação a estes profissionais. "É uma pressão forte que a sociedade faz de nunca errar e, às vezes, esse indivíduo não se expressa".
Um artigo científico sobre o “suicídio de policiais militares no Brasil” cita ainda outros causas comuns como o abuso de álcool e drogas, insatisfação com a instituição, medo de investigações internas e a relação hierárquica com os superiores.
A orientação do capelão em qualquer caso é falar sobre as angústias com um profissional ou até um líder religioso. “É uma sensação de desesperança, desamparo e desespero e a pessoa age pelo impulso", lamenta. A dica é "se expressar, falar da dor e não ficar sozinho com ela. Uma dor não compartilhada dói mais”, finalizou.