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Polícia

11/05/2017 07:37

Máquinas de Lama: Dono da Gráfica Alvorada desviou R$ 13 milhões na venda de livros

Os beneficiários dos desvios seriam o ex-governador André Puccinelli e o ex-secretário André Cance, também alvos da 4ª fase da Lama Asfáltica

Um dos alvos da 4ª fase da Operação Lama Asfáltica, a Máquinas de Lama, o empresário Mirched Jafar Junior teria desviado R$ 13 milhões em contratos com o Governo do Estado de R$ 29 milhões para a aquisição de livros didáticos. Os beneficiários dos desvios seriam o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e o ex-secretário-adjunto de Fazenda, André Cance.

Com base nos documentos da CGU (Controladoria-Geral da União), da Polícia Federal e da Receita Federal, a juíza Moniche Marchiolli afirma, nos autos, que a 'extrema celeridade no processo e os erros encontrados indicam novamente que a verdadeira intenção da aquisição milionária (de livros) foi o desvio de recursos públicos e o recebimento de propina’.

O delegado Regional do Crime Organizado da PF em Mato Grosso do Sul, Cléo Mazzotti, destaca que foram encontrados contratos suspeitos, entre 2012 e 2014. “Os Livros não foram utilizados. Foram comprados sem qualquer justificativa ou utilização. A dificuldade é que os valores dos livros são de difícil comparação”, ressaltou.

Por dispensa de licitação, a gráfica recebeu, somente por meio da Secretaria Estadual de Educação, pagamentos de R$ 11,2 milhões em dezembro de 2014. De acordo com o Portal da Transparência da administração estadual, foram quatro notas, nos seguintes valores: R$ 3 milhões, R$ 2,7 milhões, R$ 804 mil e R$ 4,7 milhões.

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), Junior, como era conhecido o empresário Mirched Jafar, pagava propinas para André Luiz Cance, André Puccinelli (PMDB) e para o proprietário da Proteco Construções Ltda, João Amorim – que também é apontado como um dos principais líderes da organização criminosa.

A Polícia Federal interceptou uma ligação telefônica, realizada em 17 de dezembro de 2014, em que Cance pede que João Amorim empreste o “cheio de charme”, codinome para a aeronave do empresário, para que Junior viaje a Brasília, e destaca que o dono da gráfica seria o único disposto a cumprir o acordo, possivelmente o pagamento de propinas.

Em resposta, João Amorim garante que irá emprestar o avião desde que ele se responsabilize pelo combustível e ainda fala em “calote” dos demais envolvidos. Cance explica que ainda é possível receber o benefício, possivelmente a propina, mas não sabe se ela vai chegar até o dono da Proteco.

Nas investigações, Cance é apontado como braço direito do ex-governador André Puccinelli e intermediário no recebimento de propinas. Em ligação interceptada pela Polícia Federal no dia 22 de dezembro de 2014, o peemedebista convoca uma reunião com o então secretário-adjunto para que “tenha uma boa alvorada”.

Segundo o MPF, Cance ligou para Junior, da Gráfica Alvorada, minutos depois e marcou um encontro para recebimento do dinheiro. Já no dia 26 de dezembro, Puccinelli cobrou os “documentos” da gráfica para fazer a prestação de contas.

Uma quarta pessoa ainda não revelada também poderia estar envolvida, sendo que ela receberia parte do valor entregue ao ex-governador. O MPF considera que essa informação fica subentendida em conversa entre Cance e João Amorim, interceptada em 29 de dezembro de 2014.

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