Os oito implicados em esquema de corrupção na gestão do ex-governador André Puccinelli, do MDB (2007-2014), se renderam à Polícia Federal até por volta das 15h desta terça-feira (7). O STF (Supremo Tribunal Federal), corte máxima brasileira derrubou a liminar que mantinha os detidos libertos.
O ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto, o cunhado dele Flávio Schrocchio e o ex-deputado estadual e ex-prefeito de Paranaíba, Wilson Roberto Mariano, o Beto Mariano, chegaram primeiro à sede da PF, em Campo Grande.
Em seguida, Raquel, mulher de Giroto, e a médica Mariana, filha de Beto. Logo depois, renderam-se o empreiteiro João Amorim, a filha Ana Amorim Dolzan e a sócia Elza Amorim.
Os envolvidos em esquema de fraudes em licitação, lavagem de dinheiro e superfaturamento de obras tinham sido preso no dia 9 de março passado.
Por força de recurso ingressado no TRF-3 (Tribunal Regional Eleitoral) da Terceira Região, os detidos foram libertados uma semana depois. As mulheres cumpriram a ordem os mandados de prisão em regime domiciliar. Por determinação do STF, a liminar do TRF-3 caiu ontem, segunda-feira (7).
CIGARRO
Giroto chegou na sede da PF com um colchonete embaixo do braço. Beto sem nada na mão e Flávio Schrocchio, segurando uma mala pequena.
O ex-secretário de Obras, também ex-deputado federal Giroto, foi o único a conversar com a imprensa.
Aparentemente calmo, mas com semblante triste, ele disse: "trabalhei tanto na minha vida e não esperava passar por isso. Mas, a justiça de Deus e dos homens, com certeza vão me julgar em se eu for culpado, vou pagar".
Giroto, que antes de entrar no prédio da superintendência da PF, na Vila Sobrinho, pediu um cigarro a Beto Mariano, deu o trago e jogou o tabaco fora, afirmou acreditar em sua inocência.
"Mas tenho certeza do que fiz e do momento político que o país está vivendo", afirmou o ex-parlamentar.
TOPMIDIANEWS NOTICIOU
A possibilidade dos envolvidos retornarem à prisão foi noticiada pelo TopMidiaNews dia 27 de abril passado, 11 dias atrás.
Naquele dia, a reportagem informou que a chefe nacional do MPF (Ministério Público Federal), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, havia solicitado ao STF que mandasse prender de novo os implicados.
Se fosse acatada a petição, Amorim e Giroto amargariam a quarta prisão no período de junho de 2016 para cá.
Os dois foram para a cadeia pela última vez no dia 9 de março e saíram de lá uma semana depois, graças a um recurso concordado pelo TRF-3 (Tribunal Regional Federal) da Terceira Região.
Eles estão encrencados em crimes como fraudes em licitações, desvio de dinheiro, superfaturamento de obras e lavagem de dinheiro, crimes investigados desde 2013 na Lama Asfáltica, operação da Polícia Federal e também por uma força-tarefa do Ministério Público Estadual.
Tais delitos, asseguram os investigadores, ocorreram nas gestões de André Puccinelli, do MDB, que governou MS de 2007 a 2014, outro implicado no esquema fraudulento.
Numa conta ainda presumida, o esquema teria desviado R$ 2 bilhões dos cofres estaduais.
BRONCA
Edson Giroto, o cunhado Schrocchio e o empreiteiro João Amorim foram presos duas vezes entre junho e julho de 2016, pela Polícia Federal, por suposta ligação numa trama que envolvera a venda de um avião no valor de R$ 2 milhões.
Para a PF, a aeronave estava sendo negociada como meio de o trio desfazer de bens que tinham sido adquiridos com as fraudes em licitações promovidas pelo governo estadual. O crime praticado teria ocorrido um ano depois do início da operação Lama Asfáltica, cuja primeira fase fora deflagrada em julho de 2015.
O dinheiro captado com a venda do aparelho era repartido entre os três.
À época das prisões, o TRF-3 deferiu recursos judiciais e mandou soltar o trio. Ocorre que o MPF ingressou com recurso contra os habeas corpus que permitiram as solturas no STF. E, neste ano, a corte máxima do país definiu pela prisão, de novo.
Para Raquel Dodge não haveria situação jurídica que justificasse o despacho do TRF-3, daí o pedido de prisão novamente.
Na interpretação da chefe nacional do MPF, a decisão do TRF-3 não teria "força jurídica" para derrubar o entendimento da Suprema Corte.
O processo contra os envolvidos correm em segredo judicial. Edson Giroto é pré-candidato a deputado federal pelo PR. E Puccinelli, que foi preso pela PF e solto um dia depois, também por decisão do TRF-3, em novembro passado, por suposta ligação com crimes de fraudes em processos licitações, por exemplo, é pré-candidato ao governo pelo MDB.
Os dois negam participação no esquema.