A família de um homem de 36 anos, que não terá o nome revelado, está pedindo justiça por conta de supostas agressões policiais. Ela alega que o rapaz foi torturado por dois policiais civis, no final da tarde da última quarta-feira (5), na cidade de Paranhos.
Um professor indígena também teria sido levado, mas prontamente liberado por não ter envolvimento no caso que levaram os supostos policiais civis.
Segundo uma pessoa da família, que terá a identidade mantida em sigilo por medo de represálias, uma viatura com dois homens se dizendo ser policiais abordou a vítima.
Eles perguntaram sobre a presença de policiais civis na aldeia, numa área rural de Paranhos. Sem saber o motivo e alegando que estaria morando há poucos meses na região, o homem rapidamente teria sido agredido verbalmente e acusado do roubo de máquinas de uma escola no dia 1° de janeiro.
Mesmo com a negativa, tanto a vítima como o senhor indígena - acusado de ser cúmplice -, foram algemados e colocados no compartimento da viatura. Ainda segundo o relato dos familiares, eles teriam sido levados para uma residência na linha de fronteira com o Paraguai.
Nesse meio tempo, o professor acabou sendo liberado pelos policiais, que teriam recebido uma ligação informando que o indígena não teria envolvimento com o suposto roubo das máquinas. Apesar disso, a vítima e principal "alvo" continuou na viatura e nela teriam se iniciado as agressões.
Horas de tortura
A denúncia revela que a vítima permaneceu pelo menos duas horas com os policiais, sofrendo agressões, tiros de bala de borracha, enforcamento e pancadas na cabeça, que resultaram em pelo menos três desmaios.
As agressões cessaram quando os policiais souberam que a vítima pega na área rural não seria realmente o alvo que queriam. Por esse motivo, decidiram soltá-lo após saber que a família estava tentando encontrá-lo na cidade.
Após o último tiro, um dos policiais teria dito: "esse é um recado da Daiane e, se for para o hospital, você diga que caiu do cavalo", segundo relato da vítima e dos familiares.
O homem foi entregue na Delegacia de Polícia Civil e os familiares o levaram ao Hospital Regional de Amambai.
A vítima deu entrada no hospital apresentado mobilidade reduzida, mialgia, perda de pele nas nádegas, vários edemas, inchaços, perda de audição e lesões circulares pelo corpo.
A princípio, ele permaneceu alguns dias internado no hospital para recuperação, pois a vítima reclamava de cefaleia intensa com dor torácica intensa.
O outro lado
O caso foi encaminhado pela família para a ouvidoria da Corregedoria-Geral.
Procuradas pela reportagem, polícias civil e militar, além da Corregedoria, não se manifestaram. O espaço segue aberto para possíveis esclarecimentos.