Em depoimento à Polícia Civil de Aquidauana, Dirleia Patrícia Monteiro Paes, 39, disse que golpeou o marido, Ivan Marquezan, pois ele a agrediu e tentou estuprá-la, na noite do crime. Ela confessou que foi até a imobiliária dele buscar documentos, mas nega ter pego qualquer dinheiro. No entanto, ela fugiu do local com dois veículos de luxo, sendo uma Pajero e um Ford Fusion.
O motivo da briga naquela noite, segundo a suspeita, foi o fato do marido ter descoberto que ela tinha aberto uma clínica de reabilitação. Ele então teria pego um 'tacacá' (bastão indígena), pressionado a costela dela e a intimado a ter relações sexuais.
Ainda conforme a versão da defesa, assim que ele deitou na cama e foi abrir a calça, ela pegou o porrete e acertou na cabeça dele.
A mulher conta que durante 15 anos sofreu com opressão física, psicológica, sexual e financeira. Em menos de um ano e meio, havia três boletins de ocorrência por violência doméstica.
(Dirleia alega que era oprimida pelo marido - Foto: reprodução Facebook)
Ida à imobiliária
Dirleia justificou sua ida à imobiliária do marido, na madrugada do crime, por medo de represálias dos amigos dele, que na visão dela são de 'péssima reputação' e 'mafiosos'. Na ocasião, câmeras de segurança flagraram a presença dela no imóvel.
Imagens apagadas
A suspeita confessou ter apagado as imagens gravadas pelas câmeras de segurança da residência, também por medo dos amigos do então marido. A defesa dela disse que as câmeras não filmam a parte interna da casa, pois ela costumava andar nua por lá.
Dinheiro
Ainda na versão dos defensores, na casa do casal havia um cofre com R$ 3 milhões, mas nada foi subtraído por Dirleia. Ainda acrescentam que a suspeita tem acesso a toda movimentação financeira do casal, e mesmo assim nada foi furtado.
A clínica de reabilitação foi aberta, segundo Paes, com dinheiro de indenização de um processo por agressão contra ela, em novembro.
Fuga
Após o crime, Dirleia diz ter ido para a casa da mãe em Campo Grande. Ela contou que iria se apresentar nesta terça-feira na Capital, mas foi para Aquiaudana. Lá ela fez exame de corpo de delito, que deu resultado 'inconclusivo' para agressões sofridas na noite do crime.
A defesa fez questão de mostrar o corpo dela com hematomas, principalmente na parte de trás do braço esquerdo.
O crime
Ivan foi encontrado morto em cima da cama na última sexta-feira (1º), na residência onde vivia na Vila Bandeirantes, em Campo Grande. A suspeita é que o crime tenha sido cometido pela própria esposa, Dirléia Patrícia Monteiro, 38 anos, que é considerada desaparecida.
O corpo apresentava ferimento na cabeça e foi visto por sua filha, que foi até a residência na Rua Vicente Solari, na companhia de policiais após perceber o arrombamento e furto de dinheiro e documentos na imobiliária Marckezan, que pertencia à vítima, no bairro Amambaí.
Familiares da vítima que estiveram no local acompanhando a perícia informaram que todas as pistas apontam para que haja envolvimento da esposa, que havia levantado suspeita de estar roubando dinheiro do corretor. Ela era casada há mais de dez anos com ele e é proprietária de uma clínica de estética.
A suspeita também se baseia no fato de que a mulher saberia mexer no sistema de monitoramento da casa e não foram encontradas imagens registradas pelas câmeras de segurança.
Investigação
O delegado Walmir de Moura Fé, que cuida do caso em Campo Grande, já teve acesso ao depoimento da suspeita, e que vai analisar se há contradições ou omissões. Ele vai ouvi-la posteriormente, assim como outras testemunhas. Segundo ele não cabe prisão, pois ela se apresentou e deu endereço na Capital.