A prisão do vendedor de celular Deivid Almeida, 38 anos, chocou quem o conhece, seja “de vista” ou de uma amizade mais profunda. “Nunca imaginei que pudesse fazer isso” ou “ele era meio esquisito, mas isso é muito grave” são expressões comuns. Ele é suspeito de ter matado o menino Kauan Andrade, de apenas nove anos, durante um estupro. O crime foi confessado por um adolescente de 14 anos que teria ajudado Deivid durante o ato.
Natual de Rio Verde de Goiás, Deivid não tem família em Campo Grande, apenas um filho com idade de 15 anos. Em seu perfil nas redes sociais, há fotos e postagens comuns, com comentários de amigos próximos, troca de carinhos e palavras que mudam quando é para falar do crime cometido pelo suposto pedófilo.
Entre as pessoas que a reportagem conversou, ninguém quer ser identificado, já que o assunto causa sentimentos como ojeriza, ódio, revolta e tantos outros que nem é possível elencar. “Ele sempre demonstrou ser um homem normal, sem violência, divertido. Era um grande amigo, chegamos a namorar, mas não deu certo”, contou uma amiga bem próxima que foi pega de surpresa pela notícia quando a reportagem a procurou.
“Não estou sabendo de nada, não acredito, o que foi que aconteceu?”, questionou. Como uma boa amiga, entre tantos que Deivid tinha, ela ainda questionou se poderia vê-lo ou saber mais. Depois de ler a notícia, G. ficou estarrecida. “Meu Deus, não acredito”.
Outra amiga, que era próxima, garante que nunca viu nada de anormal. "Ele vivia uma vida normal, a gente nunca pensa que alguém vai ter coragem de fazer isso", diz. "Estou horrorizada, porque é alguém que frequentava meu círculo de amizades. Foi um crime abominável", conta.
Entre os homens que conheciam Deivid, a violência mostrada por ele, também é mostrada nas palavras. "Ele merecia morrer com requintes de crueldade", diz um agora, ex-amigo. Ninguém quer ter o nome ligado a Deivid. "Não dá para ter um amigo desses. É coisa de gente louca, sem vergonha".
Há ainda os que não tinham "boas sensações" com a presença de Deivid. A reação é comum tanto a quem apenas acompanhou o caso quanto para quem o conhecia do trabalho, da faculdade ou do dia a dia. “Trabalhei com ele, não sentia algo bom, mas nada que chamasse a atenção. Às vezes só assustava porque ele conversava sozinho e ria do nada, sozinho mesmo”, contou uma ex-colega de trabalho que o conheceu na empresa concessionária de energia elétrica onde Deivid trabalhou.
Mas, se agora quem o conhecia começa a desconfiar de alguns “trejeitos”, outros também desconfiavam da companhia excessiva de meninos ao redor dele. “Ele vendia celular na feira do Lageado, vivia rodeado de moleque, mas ali sempre tem os meninos na rua”, conta uma feirante.
“Não dá para desconfiar assim, a gente está trabalhando e se denuncia alguém que é inocente? Ou nem tem como saber, não está escrito na testa”, argumenta quando questionada se o fato de estar sempre rodeado de meninos menores não chamava a atenção.
E, realmente, não estava escrito na testa do homem, que tem um filho de 15 anos e é suspeito de ter matado o pequeno Kauan, mas muitos desconfiavam da postura. Entre os comentários nas matérias do TopMídiaNews, denúncias de que quando ele lecionava aulas, alunos não gostavam do “jeito” do professor.
“Verme imundo, estudei e ele 'dava aula' para gente. Desde lá a gente já percebia que ele era sem noção, tarado, já pegou o celular da menina e olhou as fotos dela no meio da aula, olhava a bunda das meninas, fazia brincadeiras totalmente sem noção e ridículas, sem intimidade para fazer. Entre outras coisas”, narrou uma ex-aluna.
Segundo ela, o professor assediava os meninos fora da escola. “Fora da escola ele perguntava se algum aluno queria carona! Eu estou indignada e reconheci esse verme desde que vi a foto, se apresentava como nosso professor de língua portuguesa, mas como juntou a turma da noite, manhã e várias salas reclamando sobre essas taradisse (sic) dele, ele saiu e nunca mais voltou. Eu tenho certeza que foi ele quem matou esse garoto”, sentenciou.
No entanto, até o momento, não havia nenhum tipo de denúncia contra o Deivid, que era acima de qualquer suspeita.