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Polícia

09/04/2019 16:51

Corregedoria da Polícia Civil faz reprodução simulada da morte de boliviano em cidade do MS

Delegado afastado teve arma e carteira funcional recolhidas, além de suspensão de senhas e login de acesso aos bancos de dados da instituição policial

A Corregedoria Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e a Delegacia de Homicídios, realizaram na noite de segunda-feira, 08 de abril, uma reprodução simulada dos fatos que levaram à morte do boliviano Alfredo Rangel Weber, de 48 anos, na noite de 23 de fevereiro deste ano. O principal suspeito é o delegado, afastado das funções, Fernando Araújo da Cruz Júnior, que está preso em Campo Grande, junto com o policial civil Emmanuel Contis, acusado de dar "apoio" ao delegado após o crime. Ele não teria participado da execução.

O Diário Corumbaense apurou que  a reprodução simulada envolveu órgãos responsáveis pelo inquérito, como a equipe de Perícia da Polícia Civil de Corumbá e da Capital. Polícia Militar e agentes da Agência de Trânsito, responsáveis por coordenar o tráfego de veículos no momento da reprodução, também participaram da ação.

Testemunhas presenciais foram usadas durante a ação, que teve como objetivo buscar mais informações sobre o fato, para que os investigadores possam analisar as reais versões do crime e de testemunhas ouvidas até agora. A partir de então, um laudo pericial apontará a veracidade dos fatos, revelando o local exato, hora e como foi procedida a ação que acabou na execução do boliviano. Ainda segundo as informações, o inquérito está em andamento e há mais informações para serem averiguadas.

O crime

Alfredo Weber foi morto a tiros dentro de uma ambulância, na rodovia Ramão Gomes, que vinha da cidade fronteiriça de Puerto Suárez para o Hospital de Corumbá. Segundo o que foi apurado, a desavença entre o delegado e Alfredo começou durante as eleições para presidente da Associação de Agropecuaristas da Bolívia, onde o sogro de Fernando concorria ao cargo.

Depois, em uma festa em propriedade rural, houve uma discussão entre Alfredo e outros participantes do evento. O delegado, neste momento, teria pegado uma faca e desferido golpes contra o boliviano que foi socorrido e levado a um hospital da cidade boliviana. Porém, devido a gravidade do ferimento, ele teve que ser transferido com urgência para o Hospital de Corumbá.

No momento em que seguia pela Ramão Gomes, já em território brasileiro, próximo ao Cemitério Nelson Chamma, a viatura foi interceptada por um carro, supostamente conduzido pelo delegado Fernando Araújo, que desceu, deu ordem de parada, abriu a porta da ambulância e deu quatro tiros na vítima. O crime foi presenciado pela filha e uma irmã do boliviano. Ainda estavam na ambulância, um médico plantonista e o motorista, principal testemunha do caso.

Afastados

A Polícia Civil afastou compulsoriamente Fernando Araújo da Cruz Júnior do cargo de delegado desde o dia 4 de abril, conforme publicação do Diário Oficial do Estado. Ele foi preso no dia 29 de março, a pedido da Corregedoria da Polícia Civil, que realizou operação conjunta com a Delegacia de Homicídios e o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).

De acordo com Corregedoria Geral da Polícia Civil, a medida considera a gravidade dos fatos que são apurados em uma ação disciplinar.

Com o afastamento, foram recolhidas arma e carteira funcional, além de suspensão de senhas e login de acesso aos bancos de dados da instituição policial. Fernando também foi dispensado da função de titular da Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e Idoso de Corumbá. O investigador Emmanuel Nicolas Contis Leite também foi afastado do cargo e cumpre prisão temporária em Campo Grande.

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