A manhã do 3º dia de julgamento da morte de Matheus Coutinho Xavier foi dedicada à apresentação de provas do Ministério Público Estadual, nesta quarta-feira (19). A promotoria usou fotos do corpo da vítima para os jurados.
O promotor Moisés Casarotto disse que as imagens são devastadoras, mas necessárias para ilustrar a violência que o grupo de Jamil Name e Jamil Filho empregava em suas ações, por meio de pistoleiros.
A Promotoria também exibiu um vídeo onde o ex-guarda civil metropolitano, Marcelo Rios, aparece cobrando um idoso e assim ilustrou o perfil violento do acusado de matar Matheus.
A equipe de promotores que faz a acusação contra Jamil Filho, Marcelo Rios e Vladenilson Olmedo, usou o espaço também para desmentir os réus, que depuseram nesta terça-feira (18). Uma delas foi a negativa de Jamilzinho que o arsenal encontrado na casa do pai dele era da família Name.
Os membros do MPE apresentaram um vídeo que mostra a testemunha Eliane Benitez, ex-mulher de Marcelo Rios, confirmando envolvimento de Jamil Filho com o crime. Os promotores garantiram que a mulher recebeu dinheiro para mudar depoimento e atualmente testemunhar a favor dos réus. Foi exibida uma foto dela com maços de dinheiro na mão.
Promotor exibe fotos do corpo de Matheus. (Foto: Silas Lima)
Fartura
A equipe do MPE garante ter provas suficientes para condenar os réus. A defesa dos três acusados tem atuado no sentido de botar dúvidas sobre as provas técnicas do processo.
Um dos promotores exibiu a foto de um boné espião, que continha fotos de Jamil Name. Ele fala sobre o depoimento de Eliane também.
"Se a gente tirar a Eliane do processo ainda vai ter prova de sobra", garantiu o membro do MPE.
O Plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri ficou lotado de espectadores, além do forte esquema de segurança por causa dos réus, sobretudo de Jamil Name Filho.
O juiz Aluízio Santos Pereira estima que o júri termine por volta das 21h desta quarta-feira.
Com informações do Primeira Página
O caso
Jamil Name Filho, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios são julgados como mandantes da morte de Matheus Xavier Coutinho, 17 anos. Ele teria sido assassinado por engano, no lugar do pai, o ex-policial militar Paulo Roberto Xavier.
Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires, o Zezinho, seriam os executores do plano. A briga entre a família Name e Paulo Xavier, também conhecido como PX, ocorreu porque o ex-policial trabalhava para os acusados, mas depois foi fazer segurança para o advogado Antônio Augusto.
A família Name, então liderada por Jamil Name, falecido aos 82 anos, teria rixa com Antônio Augusto por conta da titularidade da Fazenda Figueira, em Bodoquena, que tem alto valor financeiro. Ele fez a transferência da propriedade para Associação das Famílias para Unificação da Paz Mundial.
PX chegou a dizer que foi intimado a deixar a cidade antes da morte de Matheus, por ter se tornado inimigo do clã Name. Durante a investigação, os policiais descobriram que um técnico de informática atuou como ''hacker'' e ajudou a monitorar Paulo Roberto em tempo real por vários dias.
No final da tarde de 9 de abril de 2019, os executores viram uma caminhonete S-10 sair da garagem da casa e abriram fogo, inclusive com uma metralhadora AK-47. Ao invés do pai, Matheus dirigia o veículo para buscar o irmão na escola.
O rapaz foi baleado e socorrido por Paulo Roberto. Ele viu uma equipe do Corpo de Bombeiros atendendo um acidente de trânsito na Avenida Mato Grosso e gritou por socorro. Matheus foi levado para a Santa Casa, mas não resistiu.
Mais três réus deveriam participar do julgamento. Jamilson Name, que morreu no Presídio Federal de Mossoró, RN, por problemas de saúde, e Zezinho, que faleceu em confronto policial. Juanil é considerado foragido.
A acusação é formada pelos promotores Luciana do Amaral Rabelo, Moisés Casarotto, Gerson Eduardo de Araújo e Douglas Oldegardo. Mãe de Matheus, a advogada Cristiane Almeida Coutinho atua como assistente de acusação no processo.