"Fiquei perplexa diante do ocorrido, porque era uma pessoa que eu não desconfiaria nunca. Chorei muito, porque acredito que, como mãe, falhei, sabe? Talvez em confiar demais ou não suspeitar". O forte relato é de uma mãe de 29 anos, que ficou em estado de choque ao tomar conhecimento das denúncias contra o fonoaudiólogo Wilson Nonato Rabelo Sobrinho.
O caso ganhou enorme repercussão na última quarta-feira (9), quando o profissional foi preso em flagrante acusado de abusar sexualmente de um menino de 8 anos em uma clínica na região central de Campo Grande.
A mulher é mãe de uma criança de 5 anos, que fazia tratamento e tinha consultas com o fonoaudiólogo ainda no ano passado., Para o TopMídiaNews, ela contou que decidiu finalizar o atendimento porque não estava enxergando melhora no desenvolvimento do filho.
Ela ainda deve passar pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) para relatar toda a história e seu filho prestará um depoimento, ou pelo menos tentará, para a psicóloga atuante no caso para descobrir se houve ou não abuso.
Para a reportagem, a mãe explicou que chegou a conversar com o filho para saber se houve alguma coisa na época. "Tinha vez que ele não queria ir e eu não forçava ele. Nos dias que ele não queria ir, nós íamos passear, íamos à praça, tomar sorvete. Depois ele começou a não querer ir mais e eu respeitei a vontade dele".
Ao tentar fazer com que o filho se abrisse mais, a mãe descobriu que ele tinha um comportamento mais retrativo, evitando olhar nos olhos dela durante a conversa. Entre umas respostas e outras, dizendo haver brincadeiras na sessão, a criança pouco dava detalhes do que acontecia no tratamento.
"Do nada, aleatoriamente, aquilo que eu estava perguntando para ele, ele [filho] falou 'mãe, sabe do que eu tenho medo? Eu tenho medo de te perder', só que nós não estávamos falando em relação a mim, estava sendo relacionada a uma pergunta para ele e o olhinho dele encheu de água", comentou.
Sobre a suspeita de abusos cometidos pelo psicólogo, a mãe deixou claro que buscará respostas referentes a possíveis episódios. "Na época, aconteceu alguns incidentes que hoje eu estou relacionando a isso [abuso]. Pode ser, como pode não ser, pode ser apenas uma fase do desenvolvimento dele. Mas eu acredito que esteja ligado e tenha correlação com isso".
"O que nós suspeitamos é que tenha correlação com acontecimentos da época, acontecimentos que não são comuns ao desenvolvimento de uma criança, atitudes e comportamentos, porque birra toda criança faz. Além desses comportamentos, tinham outros comportamentos que eram diferentes e, quando eu vi o noticiário, acendeu um sinal de alerta pela primeira vez".
Referente a essas mudanças de comportamento, a mãe relatou que o filho era uma criança calma e tranquila, mas que, repentinamente, passou a demonstrar um comportamento mais agressivo, alterações no sono e na alimentação entre outros, que a reportagem decidiu não expor.