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Polícia

28/01/2022 09:00

‘Casa dos horrores’ onde Francielle foi torturada era ‘lacrada’ e de difícil acesso

Testemunhas indicam que não conseguiam ver o que ocorria na casa

Uma verdadeira "casa dos horrores" era onde vivia Francielle Guimarães Alcântara, 36 anos, torturada e morta no Portal Caiobá, em Campo Grande. A casa é toda lacrada e de difícil acesso. Tudo isso, para evitar que testemunhas flagrassem as agressões do marido Adailton Freixeira da Silva, 46 anos.

Francielle foi torturada até a morte, o caso chocou policiais e a comunidade. Ela tinha ferimentos por todo o corpo e as nádegas dela estavam em carne viva. 

Uma testemunha de 18 anos, disse que eles eram uma família muito fechada.

“As vezes ela saia de casa para conversar com alguns vizinhos da rua, mas logo já dizia ter de entrar porque o marido iria voltar. Ela aparentava ter muito medo dele". 

Francielle passou quase um mês sofrendo as piores torturas, que um ser humano possa passar.

Testemunhas indicam que o marido aparentava ser um verdadeiro monstro e quase não conversava com ninguém que morava perto.

Veja o vídeo:

Tortura

A constatação foi feita pelo delegado Camilo Kettenhuber Cavalheiro, a partir de laudos feitos pelo Instituto Médico e Odontológico, o IMOL. Desde 1º de janeiro, Francielle sofria tortura diária em razão de ter cometido adultério. 

O policial apurou com testemunhas que Adailton Freixeira da Silva, 46 anos, torturava a vítima física e psicologicamente dentro de casa. Não bastasse isso, ele manteve a família – adolescente de 17 anos e um bebê de um ano e oito meses, em cárcere privado desde o começo do ano. 

Barbárie 

No detalhamento das agressões, Camilo conta que Francielle teve os dentes quebrados pelo marido, lesões por faca e cabelo cortado. O ferimento mais grave causado por Adailton chocou até a polícia. 

‘’As nádegas dela estavam em carne viva. Ela não tinha mais pele no local, estava já na camada de gordura. Ela usava bandagem na roupa para poder sentar’’, disse o delegado. 

O delegado, que atua na 6ª DP, no Tijuca, conta que em 11 anos de carreira, nunca tinha visto tanta barbárie. Ela também foi alvo de facadas nas costas e surras.

‘’Foi estarrecedor. Nunca vi algo que me chamasse a atenção desse jeito’’, reflete Kettenhuber. 

A investigação conseguiu encontrar a bandagem usada pela vítima, além de vários objetos usados para torturar Francielle. Entre eles está um pedaço de madeira com uma cordinha, onde o suspeito asfixiava a vítima. 

O caso

Francielle foi achada morta, em casa, pelos familiares. O Samu foi acionado e constatou o óbito. 

Na delegacia, Camilo Kettenhuber desconfiou do caso e pediu informações sobre o estado do corpo. A suspeita dele foi confirmada e o IMOL confirmou lesões compatíveis com tortura. 

O filho de Francielle foi ouvido mais uma vez, assim como outros familiares, onde veio à tona toda a história de terror contra essa família. 

Como o caso foi classificado como feminicídio, será enviado para a Delegacia de Atendimento à Mulher. O suspeito segue foragido.  

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