Um cabo gravou cenas de assédio de um sargento, durante expediente no Exército. De acordo com o programa Fantástico, da Rede Globo, na investigação aberta pra apurar o que aconteceu o Exército indiciou não apenas o sargento, mas também o cabo por suposto crime militar.
O denunciante se vê prejudicado duas vezes, uma pelo assédio que ele conta ter sofrido e por ter passado de vítima a investigado.
O assédio teria acontecido dentro de um prédio no Rio de Janeiro onde moram generais do Exército. O sargento Ricardo Godoi era responsável pela administração do prédio, que fica na Urca, de frente pra Baía de Guanabara. Uma área militar onde o cabo que denunciou o suposto crime fazia parte da segurança local.
A vítima, que teve a identidade preservada, contou que foi convocado para fazer uma verificação de alteração em um apartamento vazio.
“Ele me chamou pra fazer uma verificação de uma alteração em um apartamento que estava vazio. Ele fecha a porta. Quando ele me pede para sentar no sofá da sala, começa a fazer elogios do meu porte físico, né, e começa a acariciar as minhas pernas. Ele queria fazer sexo oral", disse o cabo.
O Cabo conseguiu gravar a conversa pelo celular que levava no bolso da calça. É possível ouvir que o sargento promete recompensas. "Na hora, eu pensei em bater, em correr, em fugir. Só que eu consegui ter a frieza, o sangue frio pra poder acabar com esse mal que já vem há muito tempo", afirmou o cabo.
A acusação é investigado no Primeiro Batalhão de Polícia no Exército do Rio de Janeiro. Uma testemunha conta que passou algo semelhante.
"Em 2014, o Sargento Godoi o chamou na sala dele - naquele mesmo prédio. O sargento - que estava sentado - teria deslizado a mão por cima da sua mesa de trabalho até encostar na coxa do soldado, que estava em pé. Constrangido, o soldado saiu da sala rapidamente", disse a testemunha.
Em depoimento, o sargento negou tudo e disse que não reconhecia a voz da gravação. Só que ele e o cabo passaram por uma acareação. Nela, o Sargento Godoi explicou detalhes dos dois encontros com o cabo no quarto andar do prédio.
Ele afirma que, no primeiro episódio, ele colocou a mão sobre as pernas do cabo. E que ouviu do cabo que nada era de graça. Sobre o segundo episódio, o sargento afirmou que o cabo permitiu contato físico. E admitiu que abriu o zíper da calça do cabo, e colocou a mão nas partes íntimas.
A sindicância concluiu que há indícios de que tanto o Sargento Godoi quanto o cabo cometeram crime sexual. O sargento por praticar um ato libidinoso. E o cabo por ter permitido.
Dessa forma, o caso será investigado num inquérito policial militar. O Ministério Público Militar é quem vai definir quem será mesmo denunciado e por qual tipo de crime. Em nota, o Exército disse que foram adotadas as medidas cabíveis. Não quis comentar o andamento da investigação e reafirmou sua responsabilidade com preceitos legais, princípios éticos e valores morais. O Sargento Godoi foi transferido da administração daquele prédio para outra função não divulgada pelo Exército.