Inquérito da Polícia Federal apontou que o advogado João Alex Monteiro Catan, pai do deputado estadual João Henrique Catan (PL), defensor da moral, e ‘dos bons costumes’, comandava o império das máquinas caças-níqueis em Mato Grosso do Sul.
O fantasma de uma operação policial que envolveu nomes famosos e políticos de MS ainda paira em processo judicial que está mais vivo do que nunca. Após 15 anos da Operação Xeque Mate, a maior ofensiva da Polícia Federal contra os jogos de azar no Estado, o Ministério Público Estadual luta para que a ação judicial continue e a punição aos membros da organização criminosa sejam punidos.
A PF expos o esquema das máquinas caça-níqueis em Mato Grosso do Sul, onde o advogado João Alex Monteiro Catan, o “Johnny”, era um dos líderes de um dos grupos. Ele é pai do deputado estadual reeleito João Henrique Catan (PL), que durante a campanha eleitoral defendeu o combate a corrupção e da defesa da família.
No dia 13 de outubro o promotor de Justiça Fábio Ianni Goldfinger, em decisão tomada e divulgada no processo em 13 de outubro deste ano, se manifestou contrário a extinção do processo.
Em um dos documentos do processo de acusação, a PF indica que João Alex Catan se aliou a outros dois investigados para formar um grupo independente par a exploração do jogo de azar através de máquinas caça-níqueis se desvinculando de Nilton Cesar Servo. O diálogo foi interceptado dia 01/04/2007 às 20h59, diz o documento da PF.
“Carlão é gerente da empresa Multiplay Comércio LTDA, que fornece máquinas caça-níqueis a Nilton César Servo. Nesta conversa fica claro que João Catan, Andrei Cunha e Reginaldo da Silva estão negociando a compra de máquinas caça-níquel com Carlão”, diz trecho do documento obtido pelo TopMídiaNews.
A Operação Xeque Mate ocorreu após denúncia em 2007. Depois disso, a PF identificou cinco organizações criminosas por interceptações telefônicas, e apreensão de documentos. Além de empresários, do advogado João Alex Catan, foi indicado o envolvimento de policiais com as máfias dos caça-niqueis. Dentre os envolvidos neste núcleo estão o ex-deputado estadual e ex-comandante da Polícia Militar, o coronel Ivan. Também é líder de uma das facções que controlavam o jogo o famoso “Major Carvalho”, que saiu de MS para se tornar um dos maiores narcotraficantes do mundo.
Em 3 de julho de 2009, o promotor Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha, indicou que um delegado, recebia R$ 10 mil por mês para fazer vistas grossas a jogos de azar em Campo Grande.
João Alex Catan é um dos réus por improbidade administrativa, junto a uma extensa lista de policiais, coronéis, empresários e advogados.
Conforme o site O Jacaré, o promotor protocolou a ação por improbidade em julho de 2009 e o juiz Amaury da Silva Kuklinski, rejeitou a ação por improbidade e absolveu o grupo. Ele considerou a decisão na área criminal que inocentou os réus por falta de provas.
No entanto, o MPE não aceitou a decisão recorreu ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Em 21 de novembro e 2013, o desembargador Luiz Tadeu Barbosa Silva, relator, acatou o pedido do MPE e determinou o recebimento da ação contra o grupo.
“O fato é que existem indícios de prática de improbidade administrativa; basta, para tanto que se examine as interceptações telefônicas a revelar, a princípio, o possível recebimento de propina para a facilitação da liberação das máquinas de jogos de azar”, disse o desembargador.
O grupo recorreu ainda a instâncias superiores, mas não conseguiu reverter a decisão do Tribunal de Justiça.
Eles ainda podem ser condenados por improbidade administrativa pelo pagamento de propina aos policiais.
O ex-deputado estadual Nilton César Servo, um dos réus, morreu em 2015.