A primeira audiência de instrução do caso Kauan Andarde Soares dos Santos, de nove anos, supostamente estruprado e morto em Campo Grande, reúne 20 testemunhas, entre elas sete crianças, no Fórum da Capital. Conforme o juiz, as versões dos menores serão comparadas e podem aprofundar a acusação contra o réu, o professor Deividi Almeida Lopes, 38 anos.
A audiência ocorre na tarde desta quarta-feira (13), na 7ª Vara Criminal e será presidida pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira. Foram nove crianças intimadas, mas até o momento somente sete compareceram.
Todos os menores serão ouvidos com prioridade e de forma especial, em sala separada e na companhia de psicólogos. Ainda conforme o magistrado, é possível que alguns depoimentos tenham de ser adiados por conta do tempo.
As demais testemunhas, de defesa e acusação, são mães de crianças que foram alunas do professor e policiais que atenderam o caso à época.
(Corpo de Kauã nunca foi encontrado - Foto: Reprodução)
Marcelo Ivo destacou que as crianças serão questionadas sobre o que foi colhido nos laudos da perícia, sendo que o principal é o DNA extraído do sangue do menino Kauan no carro de Deividi. O resultado desse exame, feito em um laboratório de São Paulo, ainda não está pronto. A amostra será comparada com o sangue dos pais de Kauan.
O magistrado diz que mesmo que não houver provas do assassinato, o professor pode ser condenado por estupro de vulnerável e corrpução de menores. No entanto, ele destacou que se as provas continuarem apontando que Deivid matou Kauan e sumiu com o corpo, mesmo que o cadáver não seja encontrado, pode ser condenado também por homicídio, assim como ocorreu no caso Eliza Samúdio.
Defesa
O advogado de Deivid Almeida Lopes, Alessandro Farias, disse que só a partir de agora que ele vai começar a considerar o que é prova ou não, já que o que foi dito na delegacia não é oficial.
Farias disse que o cliente continua negando os crimes, principalmente o contato com Kauan. Ainda segundo o defensor, a defesa vai começar a se basear nas audiências, já que haveria 'inconstância' na versão dos menores que acusam o cliente dele.
Uma das testemunhas de defesa, é uma ex aluna de Deivid. Ela disse que é difícil para ela 'achar qualquer coisa', pois estudou com ele por quatro anos e sempre tratou todo mundo normal, além de ter relação de amizade com os alunos.
A menina negou que ele tivesse assediado ela ou alguma amiga. ''Ele mandava mensagens no meu Facebook, só que não dei muita corda, mas não achava tão estranho'', relatou a testemunha.
A garota relata nunca ter visto ele dar em cima de alunos, mas ''mesmo ele sendo legal, se fez algo de errado tem de pagar'', conclui.
O réu Deivid está no Fórum e vai ficar em uma sala separada se houver necessidade de ser ouvido.
O juiz Marcelo Ivo destacou que neste caso, outros menores são apontados como autores de estupro, no entanto serão julgados na Vara da Infância e da Adolescência.
O crime
Kauan Andrade Soares, 9 anos, ficou desaparecido do dia 25 de junho deste ano até 21 de julho, quando saiu de casa, no Jardim Colorado, em Campo Grande, para brincar com os amigos. Ele não foi mais visto e a família fez apelo na imprensa para tentar alguma informação sobre o menino.
Após investigações, a polícia ouviu o relato de quatro adolescentes, com idades entre 14 e 16 anos, que afirmaram que o menino foi violentado, morto e esquartejado pelo professor Deivid Almeida no dia 25 de junho, mesmo dia que sumiu.
Os garotos, que revelaram também serem estuprados com frequência pelo professor e que recebiam valores entre R$ 5 e R$ 15 para praticarem sexo com o acusado.
Os adolescentes contaram ainda à polícia que foram obrigados a praticar necrofilia (sexo com cadáver) e testemunharam que viram ele esquartejar o corpo de Kauan. Os restos mortais do menino teriam sido espalhados pelo rio Anhanduí, mas nada foi encontrado até o momento.