Um dos alvos da Operação Papiros de Lama, deflagrada pela PF (Polícia Federal) na manhã desta terça-feira (14), a concessionária Águas Guariroba teria dissimulado o pagamento de propinas através da compra de livros jurídicos, contratação de consultorias que nunca foram prestadas e patrocínio de eventos fictícios.
Os principais beneficiários seriam o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e o filho dele, o advogado e professor universitário André Puccinelli Junior. Pelo pelos é o que garante o delegado regional de combate ao crime organizado, Cleo Mazzotti, que realizou entrevista coletiva hoje sobre a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica.
"Nas buscas ocorridas na Águas Guariroba verificamos o patrocínio de eventos que não ocorreram, aquisição de livros jurídicos que não se relacionam com a atividade-fim da empresa, que eram distribuídos de graça em congressos, e contratação de serviços jurídicos sem necessidade", revela.
De acordo com o delegado, a empresa teria repassado cerca de R$ 5 milhões para o grupo de André Puccinelli referente ao pagamento de propinas. Assim como informado por delatores da JBS, a empresa teria se envolvido no esquema para receber, em contrapartida, isenções fiscais e outros benefícios tributários.
A PF também verificou um contrato entre a concessionária e a empresa Proteco Construções, do empresário João Amorim, que teria sido "muito lucrativo" apenas para a empreiteira. Entre os acordos mais esdrúxulos estaria a construção de uma estação de tratamento de esgoto em Dourados que nunca foi construída, até porque a Águas Guariroba não atua no município, que é atendido pela Sanesul.