O sonho de gerar uma vida durante 9 meses virou pesadelo na reta final da gestação na família de Lidiane Alves Elizeu. A tia acusa um médico do Hospital Regional de Aquidauana de protelar o parto do sobrinho e ter causado danos à saúde do bebê.
Yvy Stefani Goes é uma jovem de 23 anos que, como mãe de primeira viagem, tomou todos os cuidados durante o pré-natal. A mulher possuía uma gravidez de alto risco com histórico de pressão alta e arritmia cardíaca. Acompanhada por um obstetra do Centro de Especialidades Médicas (CEM), teve a última consulta na manhã do dia 29 de agosto, com 39 semanas de gestação. A jovem foi orientada pelo profissional da saúde a ir até o Hospital Regional, pois já estava na hora do bebê nascer.
O drama familiar iniciou quando a jovem, acompanhada da irmã, deu entrada no Hospital no mesmo dia da consulta. O médico de plantão afirmou que não estava na hora do nascimento e que a gestante seria internada para que o procedimento fosse realizado apenas na manhã seguinte pelo próximo plantonista.
Durante a noite, um fato chamou a atenção dos familiares. Yvy estava soltando um líquido pela vagina parecido com fezes. Ao indagar as enfermeiras, foi informado que era “normal” e que a gestante deveria continuar em observação, pois não estava sentindo dores.
Na troca de plantão, às 7h, o médico responsável, segundo a família, em tom arrogante afirmou que não iria realizar o parto porque “não conhecia o histórico da paciente e não ia assumir o risco”. A tia do neném questionou a decisão, afirmando que a gestante estaria perdendo um líquido não identificado. O médico teria então ligado para o plantonista da noite anterior “aos berros” perguntando se ele poderia voltar ao hospital para realizar o procedimento.
Depois de 2 horas de cesariana, Lidiane viu seu sobrinho ser levado às pressas para a incubadora. Para a família, foi informado que era um procedimento padrão a fim de estabilizar a respiração do recém-nascido. Cerca de 3 horas após o nascimento, a tia estava sozinha na sala de observação com o bebê incubado quando os aparelhos apitaram alto.
O drama
“Olhei para o meu sobrinho e ví ele com dificuldade de respirar, nessa hora comecei a gritar e a chamar as enfermeiras.”
A família ainda acusa falta de informação por parte dos médicos que em momento algum deram o diagnóstico preciso do que estava acontecendo com a criança.
“Eram apenas informações de corredores”.
Em um momento de desespero e pensando no pior, Lidiane ligou para os familiares e solicitou que todos fossem até o Regional. Foi quando, segundo relatos, o Hospital pressionado realizou a transferência do pequeno para Campo Grande.
“Chegando na Capital, outro problema. Ele chegou muito debilitado porque era para ter ido entubado e não foi.”
A pediatra da Maternidade Candido Mariano informou à família o diagnóstico correto: Otávio tinha passado do tempo dentro da barriga da mãe e aspirado as próprias fezes.
“Foi um baque. Uma tristeza sem fim. Por uma negligência médica a gente corria o risco de perder nosso neném”.
O bebê ficou internado na UTI Neonatal durante 15 dias com risco de vida. O desespero da mãe de primeira viagem e a angústia da família não tiveram fim até o dia 20 de setembro quando Otávio recebeu alta e foi para casa.
A cirurgia tardia de parto pode ter danos irreparáveis. A família afirma que devido à demora no procedimento, a criança deverá fazer acompanhamento médico em Campo Grande por tempo indeterminado, a cada seis meses.
“Não sabemos ainda se ele terá sequelas. Terá que fazer acompanhamento de 3 em 3 meses na Capital. Triste porque tudo isso poderia ter sido evitado se o parto acontecesse na hora certa.”