Aos poucos a rotina das famílias que precisaram deixar suas residências, em Aquidauana e Anastácio, volta ao normal. No início da manhã desta segunda-feira (26), com o nível Rio marcando a casa dos 8 metros, as águas já recuavam de alguns imóveis e foi possível ver a dimensão dos estragos.
A esperança era de que a volta pra casa começasse no final da semana passada, mas a fina garoa que caiu nas cidades-irmãs no sábado e domingo dificultou os trabalhos das famílias atingidas.
Quem conseguiu retornar para a casa, a imagem foi de destruição. Todos os móveis e eletrodomésticos que ficaram dentro dos cômodos acabaram engolidos pelas forças do dilúvio. Quando a enchente foi embora, o que sobrou foi um lamaçal e restos de uma história vivida em cada canto de cada residência atingida.
A coordenadora do abrigo do salão paroquial da Igreja Matriz, Rafaela Dias, contou que algumas famílias retiraram o kit limpeza, no último sábado (24), com o intuito de iniciar a retirada dos dejetos pós-inundação nesta segunda, mas não conseguiram devido à imensa quantidade de lama dentro e fora dos imóveis.
O vereador Edinho Grande, morador do bairro Guanandy, foi um dos atingidos pela cheia. Ele contou à reportagem que, na última terça-feira (20), estava na Câmara Municipal quando percebeu que o Rio estava enchendo, porém não imaginou que a enchente iria ocorrer em tempo recorde.
“Às 13h30 eu e o vereador Bié passamos na casa do prefeito e nos deslocamos para o Guanandy, na rua Manuel da Costa, que da acesso à escola Candido Mariano. Então o prefeito acionou o secretário de Obras e a secretaria de Assistência Social para imediatamente descerem com equipamentos e caminhões para socorrerem as famílias.”
Grance relata ainda que a ação conjunta do Exército, Polícia Militar, Bombeiros e Defesa Civil foi rápida.
“O secretário de Obras passou de rua em rua pedindo que as pessoas retirassem os móveis de casa, pois o caminhão da prefeitura ia passar para buscar. Alguns moradores mais antigos ainda deixam para a última hora por serem mais resistentes à mudança.”
Durante a tarde, a casa do vereador foi atingida pela cheia e, como a ação foi muito rápida, ele conta que teve tempo somente de retirar os móveis mais caros, deixando para trás todos os pertences.
“Perdi 2 guarda-roupas e todas as minhas vestimentas foram molhadas. Mas não é isso que me entristece. O que me deixa triste é que tem pessoas que perderam tudo e a gente fica impotente de não poder ajudar.”
O bairro Guanandy foi o primeiro a ficar embaixo d`agua e, apesar do transtorno, Edinho afirma que as famílias não vendem os imóveis por “não valer a pena”.
“Tem imóvel que custa aproximadamente 150 mil reais e não compensa pegar uma casa de uma vila de R$ 20 mil em troca. Eu mesmo não vou sair da minha residência. Prefiro ficar com esse constrangimento porque essa casa é da minha família”.