Elmo idealizado pelo superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará, Marcelo Alcantara, pode reduzir em 60% a necessidade de leitos de UTI para pacientes da covid-19 que apresentem insuficiência respiratória.
A pesquisa foi realizada com pessoas entre 37 e 76 anos, que possuíam comorbidades. O estudo para avaliação dos pacientes ocorreu nos últimos cinco meses no Hospital Leonardo da Vinci (HLV), unidade requisitada pelo Governo do Ceará.
“Os pacientes melhoraram a oxigenação e tiveram evolução clínica. Esperávamos que metade dos pacientes se beneficiassem, mas foi acima do esperado. E não eram casos leves, todos utilizavam doses altas de oxigênio. Estavam numa situação limítrofe, com risco de internação em leitos de UTI, e melhoraram relativamente rápido”, comemora Marcelo Alcantara.
Ao utilizar um mecanismo de respiração artificial não invasivo, o elmo foi fundamental para evitar a intubação de pacientes. Apenas quatro das dez pessoas que usaram o capacete no HLV precisaram ser transferidas para UTIs. O dispositivo trata quadro clínico moderado e também auxilia casos em início de gravidade.
Depois dos testes em pacientes, que foram autorizados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou a produção em escala industrial do equipamento.
Com a eficácia comprovada, o aval foi concedido no dia 29 de outubro à Esmaltec, empresa que vai fabricá-lo e comercializá-lo. Já a patente do dispositivo foi registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em julho.
Equipe
A proposta do capacete nasceu no início de abril e teve a contribuição de diversos profissionais, entre médico pneumologista e intensivista, fisioterapeutas, técnicos em usinagem e ferramentaria, design industrial e engenheiros nas áreas clínica, civil, mecânica e de produção.
Ao todo, nove protótipos foram sugeridos e testados em voluntários no Laboratório Elmo, antes da decisão do equipamento que iria para o hospital. Acomodado ao pescoço do paciente, o Elmo permite ofertar oxigênio a uma pressão definida ao redor da face, sem necessidade de intubação.
Segundo a pesquisa, dessa forma, a pessoa consegue respirar com auxílio da pressurização e oferta de oxigênio. O sistema possibilita, portanto, a melhora na respiração e pode ser utilizado fora de leitos de UTI.
O equipamento pode ser desinfectado e reutilizado. Outro benefício é o custo inferior em relação aos respiradores mecânicos e a maior segurança para os profissionais de saúde, já que, por ser vedado, não permite a proliferação de partículas de vírus.
Além disso, o equipamento pode tratar outras enfermidades que comprometem o funcionamento dos pulmões, como pneumonia e H1N1. As informações são da Secretaria de Saúde do Ceará.