O Brasil pode enfrentar falta de sedativos, "kit intubação" e até oxigênio em diversas regiões nos próximos dias.
Ao todo 18 estados podem ficar sem remédios para UTIs e 116 cidades estão no limite do oxigênio. As informações são da reportagem do jornal O Globo.
"Já ocorreram problemas de falta de medicamentos no ano passado, mas este ano está muito pior, porque a necessidade de intubar é maior. Estamos em uma tempestade perfeita: preço aumentando, crise na oferta, aumento de pacientes e falta de materiais", disse o presidente do SindHosp (Sindicato de Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo), Francisco Balestrin.
O diretor do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Ronaldo Damião, afirma que a falta de medicamentos já é uma realidade.
"Nossos estoques estão no fim. Faltam remédios, mas os pacientes continuam a chegar. A situação é desesperadora". O "kit intubação", que envolve sedativos e equipamentos usados na UTI, está em falta em 18 estados, segundo o Fórum de Governadores.
A FNP (Frente Nacional de Prefeitos) contabiliza que 116 cidades podem ter falta de oxigênio em breve.
E são municípios de 11 estados: Bahia, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Norte, Maranhão, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Ceará e Santa Catarina.
"Há uma sobrecarga (de pedidos por oxigênio) nas cidades pequenas e médias, que não dispõem de rede própria. Elas fazem abastecimento de oxigênio por meio de cilindro. Esse tipo de armazenamento exige uma troca de muitos cilindros por dia, e a empresa (que fornece oxigênio) não tem capacidade”.
“As cidades que não dispõem de tanque, usina ou estrutura mais complexam para abastecimento de oxigênio vão ter dificuldades", previu o presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Eduardo Lula.
Segundo a White Martins, principal produtora de oxigênio líquido medicinal do Brasil, seis estados estão com "consumo expressivo".
São eles Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Nas duas primeiras semanas de março, o consumo cresceu 56% no país, em comparação com dezembro.