A audácia e crueldade do adolescente suspeito de ter roubado e assassinado a advogada Clarinda Yamaura Tamashiro, em Aquidauana na manhã de quarta-feira (28), chocou até os policiais mais experientes. Em depoimento ao delegado responsável pelo caso, Eder Oliveira Moraes, o menor mostrou frieza e relatou detalhes do crime.
O jovem tinha tanta certeza da impunidade que, após ter praticado o assassinato, tirou uma foto no espelho com o celular da vítima e atualizou sua rede social. O infrator cometeu o crime no início da manhã e teria ficado cerca de 8 horas dentro do imóvel com Clarinda morta na cama.
Além de ter invadido a casa da idosa para roubar e matar, N.M, de 16 anos, é um velho conhecido da guarnição desde que foi morar no município, em Dezembro, e passou a cometer uma série de delitos. O rapaz também já teria roubado cerca de R$ 5 mil da vítima em dezembro do ano passado e, por esse motivo, conhecia a rotina da advogada.
Sobre uma possível violência sexual, o delegado diz que ainda é cedo para afirmar se houve ou não a prática. O corpo foi encontrado enforcado seminu em cima da cama com os pés e as mãos amarradas.
O Crime
Eder Oliveira classifica o infrator como “muito frio” por não demonstrar nenhum arrependimento. Em conversa com a imprensa, o delegado explicou que o crime foi premeditado.
Por volta das 5h, o rapaz teria pulado o muro do imóvel onde funciona a Casa Tamashiro e onde a vítima morava. Ele se escondeu no quintal, pois sabia que a cozinha da casa ficava em uma área separada e que bem cedo a idosa teria que sair para trabalhar. Assim que ela abriu a porta e saiu do cômodo, o infrator aproveitou a oportunidade e entrou no quarto, escondido atrás da porta.
Quando Clarinda voltou para os aposentos, foi surpreendida com um soco no rosto e arrastada para a cama. Neste momento, o garoto teria imobilizado a advogada com a perna e amarrado sua boca com uma toalha. A morte foi lenta, segundo o depoimento, cometida por enforcamento com fios de eletrodomésticos, também usados para amarrar as mãos e os pés. Sobre as vestimentas da mulher, que estava usando somente camiseta, ele negou abuso sexual e relatou que Clarinda saiu do quarto com aquela roupa.
“Ele matou com requintes de crueldade e não demonstra remorso. Muito frio”, analisa o advogado.
Com a mulher já morta, N.M revirou o quarto e encontrou R$ 13.880 em espécie dentro do guarda-roupas. Sem apresentar remorso, o infrator ainda pegou o celular da advogada, bateu uma “selfie” no banheiro e publicou a foto às 7h25. Duas publicações sobre futebol também foram compartilhadas por ele às 11h47 e 13h45 – horário em que estava escondido ao lado do corpo.
Ainda na versão do autor, ele ficou dentro do imóvel até por volta das 15h30 quando amigos da idosa estranharam ela não ter aberto o comércio e decidiram entrar no imóvel. Vendo a movimentação dos vizinhos, o adolescente tentou pular o muro (com os bolsos cheios de dinheiro), mas foi impedido por comerciantes da região que chamaram a polícia militar. Ele foi apreendido e encaminhado dentro da viatura para a Delegacia Civil onde prestou depoimento e está detido até recebeu uma vaga na Unidade Educacional de Internação (Unei).
“Nessas horas em que ele esteve dentro da casa ele tirou selfies, bateu fotos do corpo, mandou fotos do dinheiro para o pai e marcou uma viagem de taxi até Bonito (onde moram familiares).”
Família
A reportagem do TopMídiaNews entrou em contato com a irmã do menor que se diz “chocada e perplexa com o crime”. De acordo com T.M.M, o rapaz morava em Aquidauana com a mãe e duas sobrinhas. A família ainda em estado de choque não conseguiu digerir o crime e a crueldade com que o jovem agiu.
A irmã contou que ele sempre apresentou agressividade, mas chegar ao ponto de matar alguém pegou todos os parentes de surpresa.
“Muito arrasada. É triste, só isso que posso falar.”