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há 6 anos

Bolsonaro entra em rota de colisão com a Folha e dispara: 'esse jornal acabou'

Presidente eleito voltou a dizer que a imprensa que “mentir descaradamente” não receberá recursos de seu governo e se queixou novamente de reportagens do jornal Folha de São Paulo

30/10/2018 às 08:51 | Atualizado 30/10/2018 às 08:37 Da redação / IstoÉ
Reprodução / IstoÉ

Em entrevista ao Jornal Nacional, o presidente eleito Jair Bolsonaro voltou a dizer que a imprensa que “mentir descaradamente” não receberá recursos de seu governo. Ele se queixou novamente de reportagens do jornal “Folha de S. Paulo”.

Leia abaixo o trecho da entrevista concedida ao JN:

William Bonner – Presidente, o senhor sempre se declara, enfaticamente, aliás, um defensor da liberdade de imprensa. Mas, em alguns momentos da campanha, o senhor chegou a desejar que um jornal deixasse de existir. É indiscutível que a imprensa não é imune a erros e nem a críticas e isso vale para qualquer órgão da imprensa profissional. Mas também é fato que a imprensa livre é um pilar da democracia. Como presidente eleito, o senhor vai continuar defendendo a liberdade da imprensa e a liberdade do cidadão de escolher o que ele quiser ler, e o que ele quiser ver e ouvir?

Bolsonaro – Totalmente favorável à liberdade de imprensa. Temos a questão da propaganda oficial do governo que é uma outra coisa. Mas aproveito o momento para que nós realmente venhamos fazer justiça aqui no Brasil. Tem uma senhora de nome Valderice, minha funcionária, que trabalhava na vila histórica de Mambucaba, e tinha uma lojinha de açaí. O jornal “Folha de S.Paulo” foi lá nesse dia 10 de janeiro e fez uma matéria e a rotulou de forma injusta como fantasma. É uma senhora, mulher, negra e pobre. Só que nesse dia 10 de janeiro, segundo boletim administrativo da Câmara de 19 de dezembro, ela estava de férias. Então, ações como essa, por parte de uma imprensa, que mesmo a gente mostrando a injustiça que cometeu com uma senhora, ao não voltar atrás, logicamente que eu não posso considerar essa imprensa digna. Não quero que ela acabe. Mas, no que depender de mim, da propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente, não terá apoio do governo federal.

William Bonner – Então o senhor não quer que esse jornal acabe. O senhor está deixando isso claro agora.

Bolsonaro – Por si só, esse jornal se acabou. Não tem prestígio mais nenhum. Quase todas as fake news que se voltaram contra mim partiram da “Folha de S.Paulo”, inclusive a última matéria, onde eu teria contratado, né, empresas fora do Brasil, via empresários aqui para espalhar mentiras sobre o PT. Uma grande mentira, mais uma fake news do jornal “Folha de S.Paulo”, lamentavelmente.

William Bonner – Presidente, me permita, como editor-chefe do Jornal Nacional, eu tenho um testemunho a fazer. Às vezes, eu mesmo achei que críticas que o jornal “Folha de S.Paulo” tenha feito ao Jornal Nacional me pareceram injustas. Isso aconteceu algumas vezes. Mas, para ser justo, do lado de cá, eu preciso dizer que o jornal sempre nos abriu a possibilidade de apresentar a nossa discordância, de apresentar os nossos argumentos, aquilo que nós entendíamos ser a verdade. A “Folha” é um jornal sério. É um jornal que cumpre um papel importantíssimo na democracia brasileira. É um papel que a imprensa profissional brasileira desempenha, e a “Folha” faz parte desse grupo da imprensa profissional brasileira. Mas a gente pode seguir adiante com a próxima pergunta da Renata, por favor.