29/10/2018 17:29
Paulo Guedes diz que Mercosul não é prioridade no governo Bolsonaro
Economista criticou o bloco, classificou como ideológico e afirmou que as relações comerciais são restritas a países “bolivarianos”
Anunciado como Ministro da Economia por Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes afirmou na noite deste domingo (28), que irá rever a política comercial brasileira e que o Mercosul não será prioridade. O economista criticou o bloco, que classificou como ideológico, e disse que as relações comerciais são restritas a países “bolivarianos”.
“O Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas, e isso é ruim para a economia”, disse. “Não seremos prisioneiros de relações ideológicas. Nós faremos comércio com o mundo todo.” Guedes mostrou-se irritado com questionamentos sobre o Mercosul. Ele classificou de “malfeita” pergunta de uma repórter do jornal argentino Clarín, sobre a hipótese de rompimento com o bloco.
“De novo, pergunta malfeita. A pergunta é a seguinte: eu só vou comercializar com Venezuelana, Bolívia e Argentina? Não”, disse, em referência equivocada sobre os países que compõem o Mercosul. O bloco é, na verdade, formado por Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela, estando o último suspenso desde dezembro de 2016.
O economista, que deu início à entrevista sentado em uma poltrona de um hotel na Barra, levantou-se e disse que mudaria de assunto. “Mercosul não é prioridade. Tá certo? É isso que você queria ouvir?”, perguntou em tom agressivo à repórter do jornal argentino. “Você está vendo que tem um estilo que combina com o do presidente [Bolsonaro], né? Que a gente fala a verdade. A gente não está preocupado em te agradar”, falou à jornalista, acrescentando que “conhece o estilo” [das perguntas].
Antes mesmo do início da campanha, Guedes foi anunciado como ministro da Economia por Bolsonaro. De acordo com programa de governo do candidato eleito, a pasta vai abarcar a estrutura do que hoje são três ministérios: Fazenda, Planejamento e Indústria e Comercio Exterior. Pressionado por empresários, Bolsonaro já recuou da proposta de fundir Comércio Exterior com Fazenda, o que desagrada ao futuro ministro.