30/10/2018 07:00
Vendedor de frutas tenta ganhar a vida e vira alvo de ‘piadinha e deboches’ da população
Sebastião afirma que escuta deboches diariamente, mas leva em consideração os elogios dos bons clientes
Encarando uma nova profissão há oito meses em Campo Grande, o vendedor de frutas Sebastião Osório, 55 anos, encara sol e chuva na batalha pelo sustento da família na Avenida Euler de Azevedo diariamente. Tentando ganhar a vida honestamente, ele revela que é alvo todos os dias de piadas e deboches de parte da população.
“Tem pessoas que passam aqui debochando, zoando da minha cara porque estou aqui. Eu acho que toda profissão é digna, estou trabalhando e muitos pensam que é fácil estar aqui. Tem dia que vendo pouco, tem dia que vendo muito, mas é daqui que sai o sustento da minha família”.
São mais de 10 horas com o caminhão de frutas estacionado, atendendo clientes e Sebastião ressalta que se depara com pessoas debochando de sua
Pai de três filhas de um filho adotivo, Sebastião relembra que após deixar a fazenda onde nasceu, comprou uma chácara e tentou a vida no campo, mas como ficava longe da família, optou por vender tudo. “Eu tentei, mas eu tinha que ficar na chácara e minha família na cidade, depois eu decidi ficar perto e também vim para a cidade. Eu chego aqui 7h30, carrego o caminhão e fico até às 17 horas vendendo abacaxi, morango, melancia, melão, laranja, sem horário de almoço”.
Mesmo com os problemas, ele relembra a melhor fase da vida: a infância. Ele explica que nasceu em uma fazenda em Miranda e que em meio a um lar simples, conseguiu aproveitar as belezas naturais da região.
“Se eu pudesse voltar no tempo, com certeza voltaria. Era uma época muito boa, banhos de rio, montava a cavalo, subia em árvore, tinha um dia-a-dia muito bom. Era pobre, mas era muito feliz. Hoje em dia as coisas são bem diferentes, hoje para você falar que tem um amigo de verdade, tem que pensar muito bem, as pessoas perderam a humildade e honestidade”, afirma o vendedor.
Morador do bairro Manoel Taveira, Sebastião divide casa com a esposa, a filha mais velha, o netinho e a filha de 15 anos. “Moramos aqui hoje e graças a Deus eu consigo sustentar minha família com o que vendo aqui. A vida hoje é difícil, mas trabalhando conseguimos viver bem e ter o sustento do dia-a-dia”.
O vendedor destaca que se pudesse voltar no tempo, tinha terminado os estudos. “Eu tenho até a 4ª série, claro que se eu pudesse voltar no tempo queria ter terminado meus estudos. Fiz a 4ª série depois de grande já, estava entrando no quartel, andava 8 km para estudar, mas hoje em dia, se eu tivesse estudos, tinha dado uma direção diferente para minha vida. Tinha feito tudo diferente, mas como não consigo voltar no tempo, hoje em dia oriento meus filhos a estudar para ter uma vida melhor”.