Política

15/10/2018 09:11

De Simone a Odilon Jr, Puccinelli define rumos da política em MS de dentro do xadrez

Até filho de juiz Odilon teria ido à prisão garantir aliança para o pai no 2º turno

15/10/2018 às 09:11 | Atualizado 15/10/2018 às 16:37 Celso Bejarano
André de Abreu

O fato de o vereador Odilon Júnior, candidato que não se elegeu a deputado federal pela coligação do pai Odilon de Oliveira (PDT), ter ido à prisão conversar com o ex-governador André Puccinelli (MDB), encarcerado desde julho passado, não é caso isolado. A eleição deste ano, em MS, foi toda conjecturada dentro da cadeia.

Uma semana atrás, Júnior foi ao Centro de Triagem Anízio de Lima, onde Puccinelli está preso por suspeita de lavagem de dinheiro, e, saindo de lá, logo seu pai anunciou pacto com o MDB na disputa com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), candidato à reeleição, neste segundo turno.

A ida de Odilon Júnior até a prisão para conversar com Puccinelli foi noticiada na edição do Correio do Estado desta segunda-feira (15). Júnior, também advogado, entrou no Centro de Triagem junto com outro advogado, Luiz Pedro Gomes Guimarães, investigado por suposta participação na Coffee Break, operação do Ministério Público Estadual que investiga suposta trama para tirar o mandato de Alcides Bernal (PP) da prefeitura de Campo Grande, em março de 2014.

Desde preso, em 20 de julho passado, Puccinelli é, sem concorrência, o encarcerado mais visitado na prisão. Foram lá conversar com ele ministro, senadores, deputados federais, estaduais, vereadores e seus familiares.

E sempre na saída das visitas, surgira um recheio de notícias nos jornais. Na cadeia, por exemplo, foi que Puccinelli definiu que quem devia substitui-lo como candidato ao governo pelo MDB, seria a senadora Simone Tebet.

A escolha foi confirmada em convenção estadual do partido, dia 4 de agosto e o vice de Simone foi o procurador de Justiça licenciado, Sérgio Harfouche, do PSC.

Duas semanas depois, contudo, por situação até agora misteriosa, no dia 13 de agosto, Simone anunciou a desistência.

A senadora havia sido convencida a disputar a eleição numa “reunião” na cadeia, com a participação de diversos políticos da cúpula do MDB.

Logo depois da renúncia à candidatura, novas “reuniões” foram promovidas no Centro de Triagem Aníziode Lima, no Complexo Penitenciário de Campo Grande, no bairro Noroeste. 

E, já no dia seguinte à desistência de Simone, o emedebista Júnior Mochi, presidente da Assembleia Legislativa, anunciou ser ele o candidato do MDB. Tânia Garib, ex-secretária estadual de Assistência Social, amiga de muita data de Puccinelli, virou candidata a vice-governadora.

Nada adiantou e Júnior Mochi foi eliminado do segundo turno.

Fora da disputa, Puccinelli agiu da cadeia os rumos de seu partido – antes de preso ele era o comandante estadual da legenda.

Ainda de dentro da prisão, o ex-governador havia anunciado apoio ao candidato Delcídio do Amaral, que disputou o Senado pelo PTC. O sonho do ex-senador, no entanto, naufragou nas urnas.

Se confirmada a articulação de Odilon Júnior com o detento Puccinelli, morre a conduta pregada pelo juiz aposentado que, desde que ingressou na política, no ano passado, diz que não pactuaria com políticos denunciados por corrupção.

Puccinelli, por exemplo, está preso por suposto envolvimento em atos de corrupção. Além dele o filho André Júnior também esta encarcerado. A dupla teria, segundo o Ministério Público Federal, criado uma empresa, a Instituto Ícone, para que nela fosse depositada quantias em propina arrecadadas em troca de incentivos fiscais concedidos pela então gestão de Puccinelli.