Interior

20/09/2018 13:35

Quase 5 milhões de comprimidos para diabéticos estragam em almoxarifado

Remédio estragou em almoxarifado da secretária de Saúde, em Corumbá, afirma MPF

20/09/2018 às 13:35 | Atualizado Celso Bejarano
Divulgação

O MPF (Ministério Público Federal), em Corumbá, descobriu um estoque vencido de medicamentos para diabéticos no almoxarifado da secretária municipal de Saúde. Dia 3 de setembro, 17 dias atrás, integrantes da instituição foram ao local e notaram que 1,4 milhão de cumprimentos de metformina e 3,5 milhões de glibenclamida, remédio receitado para diabéticos do tipo 2, estavam estragados.

De acordo com a assessoria de imprensa do MPF, no mês de agosto, integrantes da instituição  realizou duas vistorias no almoxarifado da secretaria de Saúde. 

Em uma delas foram contabilizadas 349 caixas do medicamento metformina (349 mil comprimidos) e 249 caixas do medicamento glibenclamida (1.349.250 comprimidos) com vencimento em agosto de 2018. 

Segundo o secretário de Saúde de Corumbá, Rogério dos Santos Leite, que acompanhou a vistoria, possivelmente tenha havido um “abuso” na compra pela gestão anterior, que teria utilizado um parâmetro inadequado na aquisição dos remédios. 

Ainda segundo Rogério, foi aberta sindicância para “apurar a responsabilidade na aquisição, bem como a responsabilidade por deixar o medicamento vencer sem a devida utilização”.

No entanto, assegura a assessoria, o MPF também teve acesso a relatório elaborado pela auditoria do município de Corumbá, no qual consta a informação de que a atual gestão possui ciência, ao menos desde março de 2017, do excesso dos medicamentos glibenclamida e metformina em estoque. 

A secretaria municipal de Saúde, ciente do excedente de medicamentos, poderia ter adotado diversas medidas, como permuta ou doação para outros municípios, mas permaneceu inerte, ocasionando o desperdício de milhões de comprimidos.

Para o MPF, segue a assessoria, é extremamente preocupante a discrepância observada entre a quantidade de medicamentos vencidos constatada na vistoria e a quantidade informada no relatório extraído do sistema da secretaria de Saúde. Segundo a procuradora da República Gabriela de Góes Tavares, essa discrepância suscita dúvidas a respeito da destinação dos medicamentos excedentes que não se encontravam no almoxarifado municipal no dia da vistoria realizada pelo MPF. 

Ainda em agosto, o MPF contatou a secretária-adjunta de Estado de Saúde, Gyselle Tannous, a fim de relatar o ocorrido e solicitar auxílio na destinação do medicamento. Em resposta, a secretária-adjunta informou que, como a validade dos medicamentos expiraria em 31 de agosto, não seria possível distribui-los a outros municípios.