07/09/2018 07:00
Comerciantes criticam obras e calculam prejuízo de até 80% nas vendas no Centro da Capital
Donos de lojas contam que poucos clientes ainda frequentam os comércios por dó; poeira e estacionamento são as principais dificuldades
A Obra do Reviva Campo Grande vem tirando o sono dos comerciantes que atuam na Rua 14 de Julho., Com quase dois meses de obra, eles já calculam um prejuízo de quase 80% no lucro das vendas. Segundo eles, mesmo fazendo propaganda e colocando faixa de que as lojas continuam funcionando, os clientes preferem não encarar turbulência na hora das compras e evitam transitar próximo da obra.
A gerente de uma loja de bijuteria, Tatiana Evangelista, 28 anos, afirma que, além da poeira que toma conta das prateleiras de hora em hora, a loja perdeu mais da metade dos clientes. “A obra atrapalhou bastante, deixamos de render muito, antes apenas no período da manhã entravam mais de 50 clientes aqui. Agora, com essa obra, não entra nem 20 pessoas durante a manhã”.
Tatiana destaca que a maioria dos clientes afirma que com a obra, o centro da Capital ficou muito congestionado. “Elas dizem que está muito difícil para estacionar, ficou tumultuado demais. A sujeira também interfere, ninguém quer ficar caminhando na poeira. Limpamos as prateleiras com frequência porque fica tudo muito sujo. Perdemos 80% das vendas”.
Questionada sobre a possibilidade de diminuir o número de funcionários, a gerente explica que ainda não foi necessário tomar essa medida drástica. “Continuamos com o mesmo número de pessoas atendendo, mas tememos que essa atitude aconteça porque está bem difícil para os donos da loja, não estamos tendo lucro”.
A administradora Ana Claudia de Michelle Farias, 30 anos, destaca que a região central virou um caos. “Atrapalha os comerciantes, atrapalha nós clientes. Vai ficar bom depois, o benefício vem depois, mas até lá, como fica? Minha irmã mesmo disse que antes demorava 15 minutos para atravessar o centro e chegar no trabalho dela, agora ela fica mais que o dobro do tempo para conseguir chegar”.
Dono de uma loja de roupas para bebês, Armando Salem Ali, 59 anos, vive uma fase de prejuízos e destaca que já ouviu clientes dizendo que só vieram comprar na loja em meio a obra por dó. “Os clientes
Armando explica que o dia com maior fluxo de pessoas é o sábado. “As pessoas vêm no sábado, mas durante a semana, está assim, totalmente vazio”.
Dono de uma loja na Rua Dom Aquino, Mohamad Rakan, 47 anos, afirma que, devido a sujeira, as pessoas estão trocando o centro pelos bairros. “Quem está ganhando com isso são os bairros porque, no centro, poucas pessoas ainda vêm comprar. A obra é distante do meu comércio, mas também estou vivendo uma fase de prejuízo. Como aqui ficou difícil estacionar, as pessoas procuram até mesmo o Shopping Center para comprar”.
Prefeitura
O TopMídiaNews entrou em contato com a prefeitura, que informou que reuniões são realizadas e ações culturais ajudam a informar que as lojas funcionam normalmente. “A coordenação do Programa Reviva Campo Grande faz reuniões semanais com os comerciantes, onde apresenta o cronograma da semana subsequente para que eles se programem. Também foi formada a Comissão de Acompanhamento das Obras do Reviva Campo Grande, que conta com representantes de todas as regiões da cidade. Através da Comissão, todo o trabalho está sendo acompanhando de perto, em uma vistoria direta".
"Também estamos desenvolvendo ações culturais, como o Reviva Cultura, para atrair consumidores para o centro. Outra iniciativa foi a inserção de spots na rádio, informando que as lojas estão abertas; e a instalação de faixas de aviso com o mesmo teor. Além das ações, há a preocupação constante para que todo o trabalho que comece seja finalizado o quanto antes, para evitar que a loja fique com a entrada comprometida”, destaca.
Programa Reviva Campo Grande
As obras do Programa Reviva Campo Grande tiveram início na Rua 14 de Julho com a Avenida Fernando Corrêa da Costa e vão compreender todo o trajeto da via até o cruzamento com a Avenida Mato Grosso.
O projeto da Requalificação compreende uma intervenção urbana com extensão de 1400 metros lineares em área central, que promoverá a redução da faixa de rolamento, ampliação de calçadas, conversão das redes aéreas para subterrâneas e a implantação de paisagismo no passeio público. A previsão para a execução das obras é de dois anos.