25/08/2018 18:05
Dois anos depois, serial killer deixa de ser ‘tabu’ para moradores do Danúbio Azul
Até pouco tempo atrás, falar sobre o assassino causava pânico aos moradores, fato que mudou bastante hoje em dia
Pouco tempo atrás, falar de Luiz Alves Martins Filho, conhecido como Nando, parecia aterrorizar os moradores do Bairro Danúbio Azul, em Campo Grande. Hoje em dia, após o ‘serial killer’ ser julgado e condenado a quase 30 anos, parece que aliviou a população que não tem mais receio em falar do assassino.
Logo quando o Nando foi preso, a equipe do TopMídiaNews chegou a ir até o bairro conversar com os moradores sobre o Nando. A princípio, as pessoas não mediam simpatia, mas bastava tocar no nome de Nando para o semblante desses moradores mudarem de forma radical. Na época, rapidamente alegavam não saber de nada e ficava nítido o medo que todos tinham do assassino.
Hoje em dia tudo está bem diferente pelas ruas do bairro. Com Nando atrás das grades há dois anos, os moradores perderam o receio de falar sobre ele. “Não imaginava que ele era assim. Um homem trabalhador e conhecido de todos. Sempre passava por mim, perguntava se estava tudo bem comigo. Fiquei muito intrigado quando soube o que ele fazia a noite”, disse um homem que reside no Danúbio Azul há quase 20 anos.
Apesar de falar abertamente sobre a vida do assassino, os moradores ainda preferem não revelar seus nomes com medo de represálias. Como é o caso de uma moradora que conheceu muito bem o ‘serial killer’.
“Ele já cansou de fazer frete para mim e meu marido. O Nando tinha uma caminhonete e sempre quando a gente precisava, ele vinha até minha casa para recolher algo, ou para realizar pequenas mudanças. Nunca que ia imaginar estar colocando um assassino dentro da minha residência”, destacou.
Um idoso, que também seria um dos pioneiros do bairro, lembra que o assassino era muito conhecido e que todos os apetrechos que ele usava para matar as pessoas ficavam 24 horas por dia em sua caminhonete.
“Via que ele andava com aquelas ferramentas na carroceria do veículo, mas achava que era apenas para seu trabalho de frete e não para matar e enterrar pessoas. Quando comecei a ver as reportagens mostrando tudo fiquei muito assustado. Ele assassinava pessoas que a própria sociedade esquecia, mas ninguém tem o direito de matar”.
Nando é apontado como chefe de uma quadrilha que explorava sexualmente viciados em drogas. Quando preso, ele não se arrependeu dos homicídios. Muito pelo contrário, se diz um 'justiceiro', fato este que espanta até as autoridades. Sem demonstrar arrependimento dos assassinatos, Nando é realmente considerado um assassino em série pela polícia.
Operação Danúbio Livre
Durante a operação denominada 'Danúbio Livre', em setembro de 2016, a polícia prendeu 17 integrantes de um grupo responsável pela exploração sexual e tráfico de drogas no local. Cada membro do grupo tinha uma função, mas 'Nando' foi apontado como o 'chefão' da rede.
No total, a polícia tinha em mãos uma lista de 13 desaparecidos que seriam vítimas do grupo. Algumas ossadas foram localizadas no Jardim Veraneio, região do Parque dos Poderes, bairro próximo onde os suspeitos moravam.
A delegada que comandou o caso, Aline Gonçalves Sinnott Lopes, da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), disse que nunca tinha investigado algo tão 'macabro', envolvendo tantas mortes. Aline destacou que, mesmo preso, Nando não se arrependeu dos homicídios e é uma pessoa que sabe manipular, inteligente e que não sente remorso algum.
Julgamento
O ‘serial killer’ do bairro Danúbio Azul foi julgado e condenado a 29 anos, 10 meses e 10 dias e multa de mil dias pelos crimes cometidos. Ele foi condenado pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, titular da 7ª Vara Criminal da Capital, diante dos crimes de tráfico de drogas e favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente.