20/08/2018 13:10
Depois de recorrer a três instâncias da Justiça, Puccinelli amarga 30 dias atrás das grades
Em duas delas, a defesa do 'italiano' teve o pedido de liberdade negado e, em um caso, no STF, o advogado desistiu
O ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (MDB), amarga, nesta segunda-feira (20), um mês atrás das grades por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nesses 30 dias, o líder emedebista ‘visitou’ três instâncias da Justiça em busca de habeas corpus. No entanto, costumeiras decisões favoráveis não se repetiram, principalmente no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Puccinelli foi preso no dia 20 de julho por ordem do juiz federal Bruno Cézar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal. O magistrado sustentou a prisão do ‘italiano’ alegando fatos novos obtidos na quinta fase da Operação Lama Asfáltica, nomeada de Papiros de Lama. A autoridade apontou que Puccinelli, o filho, André Puccinelli Júnior e o advogado João Paulo Calves continuavam a movimentar dinheiro no Instituto Ícone, mesmo em meio às investigações da Polícia Federal e órgãos de controle.
Ainda conforme o magistrado federal, o trio aplicava o dinheiro recebido de propinas, oriundas da JBS, em investimentos financeiros, o que foi denominado pelos investigadores como ‘poupança de propina’.
Defesa
O defensor de Puccinelli, Renê Siufi, criticou a prisão e classificou as acusações como ‘requentadas’. A primeira investida para libertar o ‘tio Pucci’ foi recorrer ao TRF-3. O desembargador substituto, Maurício Kato, negou o pedido, concordando com a decisão do juiz de origem. Com os mesmos argumentos, as defesas recorreram a 5ª turma do tribunal, também com decisão contrária.
Em seguida, as defesas foram ao Superior Tribunal de Justiça. O ministro e vice-presidente do órgão, Humberto Martins, também negou o pedido, inclusive o fez horas antes de visitar Campo Grande, onde recebeu uma homenagem do Tribunal de Justiça.
Siufi foi então ao STF. O pedido caiu nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, relator da Lama Asfáltica na corte. No entanto, por estratégia da defesa, o recurso foi retirado.
Puccinelli, o filho e advogado João Calves seguem presos. (Foto: TopMídiaNews)
A carta na manga dos advogados do trio foi recorrer novamente ao TRF-3, na pessoa do desembargador Paulo Fontes, que já havia dado decisões favoráveis a Puccinelli e outros investigados na Lama asfáltica, como Edson Giroto e João Amorim. Porém, desta vez, no dia 13 de agosto, o HC foi por água abaixo.
As defesas dos réus, que inclui a do advogado de João Paulo Calves, André Borges, vão aguardar o julgamento do mérito do habeas corpus no próprio TRF-3. Não há, no entanto, previsão para isso ocorrer.
O ministro Carlos Marun, em visita a Puccinelli, reclamou que seu padrinho político estava em situação degradante na cadeia, onde ocupa cela com outros 20 detentos. Pela lei, Puccinelli pode receber visitas de lideranças políticas quando e como quiser. Grande parte das lideranças emedebistas do Estado foi ver André, preso no Centro de Triagem Anísio Lima, no complexo prisional do Jardim Noroeste.
Desistência
A manutenção da prisão obrigou o ex-governador a abandonar a disputa pelo governo do Estado. Ele indicou a senador Simone Tebet como sua sucessora, porém a ex-prefeita de Três Lagoas desistiu da corrida eleitoral. Ela, por sua vez, indicou o procurador de Justiça licenciado, Sérgio Harfouche, que acabou rejeitado pela militância emedebista. A candidatura finalmente foi dada ao presidente da Assembleia Legislativa e amigo de Reinaldo Azambuja, Júnior Mochi.