20/08/2018 08:56
Dono de sucessos memoráveis, Tonico da Viola relembra grandes apresentações do samba em MS
Artista já abriu shows de grandes nomes nacionais como Alcione, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, entre outros artistas
Quem vê a divulgação do show de Tonico da Viola acaba associando o nome do músico com o estilo sertanejo, mas a verdadeira raiz do artista vem do samba. Antônio Dionísio de Oliveira, 60 anos, nasceu em Campo Grande, mas foi no Rio de Janeiro e São Paulo que começou a dar os primeiros passos na música.
Carinhosamente conhecido entre os amigos como Toniquinho, o sambista relembra que fazia um trabalho em trio, que culminou com a criação do grupo Zoeira, que já abriu shows de grandes nomes nacionais como Alcione, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Raça, Eliana de Lima e Raça Negra.
“Já fomos para Cacique de Ramos no Rio de Janeiro a convite do grupo Fundo de Quintal e quem fez abertura pra gente foi o grupo Molejo, fizemos show para 3 mil pessoas em uma segunda-feira. Era o Samba de Segunda”, diz o artista.
Confira a entrevista completa:
TopMídiaNews: como começou a dar os primeiros passos na música?
Tonico da Viola: fui influenciado pelos meus pais, que tocavam. Os dois tocavam, era uma dupla de brincadeira caseira, cada um fazia sua parte para alegrar o ambiente. Crescemos nessa cultura, o deles era moda de viola. Eu não tenho nada de sertanejo, meu estilo é samba, bossa nova, a maioria me conhece como Toniquinho.
Dos seis meses até os 16 anos, eu morei no Rio de Janeiro. Meu pai foi trabalhar no aterro do Flamengo. Meus amigos de infância foram de lá. Quando eu tinha 16 anos, meu pai foi transferido para trabalhar no metrô de São Paulo. Eu nasci aqui na Maternidade Cândido Mariano, mas cresci no Rio de Janeiro. De lá veio minha influência musical também, em São Paulo eu aprimorei.
TopMídiaNews: quando começou a tocar profissionalmente?
Tonico da Viola: aqui em Mato Grosso do Sul eu montei o grupo Zoeira. Fizemos abertura para Alcione, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Eliana de Lima, Raça, Raça Negra, tudo isso só aqui em Campo Grande. No Rio era mais brincadeira, depois em São Paulo, com o que eu conheci, aprimorei e ganhei o mercado. Eu fui dar uma canja e já fiquei.
Eu trabalhava Tonico da Viola e Banda, só aqui que montei um grupo chamado Zoeira. Eu vim conhecer a cidade [Campo Grande] depois de velho. Eu vinha passear porque minha avó, mãe do meu pai, morava aqui e por essa influência, depois de certo tempo, nós viemos morar aqui. Antes disso, eu vim aqui em 1995 mais ou menos e montei o grupo. Temos um vinil que foi feito na época, depois tem outros registros.
TopMídiaNews: como era as apresentações em grupo?
Tonico da Viola: éramos convidados para todo lugar. Fomos para Cacique de Ramos, no Rio de Janeiro, a convite do grupo Fundo de Quintal. Quem fez abertura para a gente foi o grupo Molejo, fizemos show para 3 mil pessoas em uma segunda-feira. Era o Samba de Segunda. O grupo durou uns oito anos.
Eu montei, por conveniência, o Trio Pé de Moleque. Era eu, Bibi do Cavaco e Néio de Jesus, que hoje trabalha com a dupla Jads e Jadson. Era um trio, algo mais fácil, de lá surgiu o grupo Zoeira. De vez em quando ainda nos encontramos e fazemos alguns eventos. Hoje tenho formação de trio, eu, Flavinho Porto Alegre e Felipe Tecladista, para festas, eventos mais em conta.
TopMídiaNews: qual a dificuldade de trabalhar em grupo no cenário músical?
Tonico da Viola: um grupo é difícil deslocar, muita gente com equipamento pesado. Com equipamento pequeno dá para trabalhar, já fizemos Rio de Janeiro, eu tenho amigos lá e conseguimos nos apresentar sempre por lá. Terça-feira fizemos um casamento em um restaurante, trabalhamos assim.
Meu primeiro trabalho solo chama-se Tonico da Viola, Samba pra Você, e o segundo trabalho é Tonico da Viola Autores. Hoje é Tonico da Viola, dependendo do show vou sozinho ou levo banda. Fiz na Concha Acústica recentemente com 12 músicos.
TopMídiaNews: quando começou a compor músicas próprias?
Tonico da Viola: eu já era um rapaz quando comecei a compor, fiz uns trabalhinhos que foram registrados. Nossa expectativa sempre foi trabalhar com nosso material, então não encaminhamos elas para outros artistas. Isso antes, hoje em dia já é diferente, hoje recebemos direitos autorais, hoje é favorável, naquela época fazíamos música para a gente mesmo.
Compor é o momento de inspiração, se você toca um instrumento já é mais fácil se inspirar, flui algo. Por exemplo, um refrão ou duas frases bonitas. Fiz uma música que chama Cantando a Tristeza, que é minha e do Marcos Roberto Bicudo, muitos grupos cantam ela. No momento fazendo os acordes fizemos ‘Meu coração bate forte com tanta emoção, marcando o sentido da nossa emoção, carente eu sofro’. Fizemos essa música só o refrão, depois fomos criando as concordâncias, as estrofes.
TopMídiaNews: no sertanejo, alguns compositores utilizam a famosa ‘sofrência’ dos amigos para criar novas letras, como são feitas as músicas no samba?
Tonico da Viola: a sofrência do sertanejo só muda de nome no samba, que usamos o nome 'mela cueca', onde o cara fala de amor, que foi traído, o sofrimento do outro vira samba também.
TopMídiaNews: você acredita que o samba é valorizado no Estado?
Tonico da Viola: Campo Grande é a terra mais do chamamé, da cultura guarânia, mas tem espaço. Tem espaço muito disputado e os melhores se destacam, é o que dá respaldo. O espaço é disputado. Falta investimento, porque o governo, ele mesmo recolhe tudo que seria para a gente. Deveria ter um investimento melhor na cultura.
TopMídiaNews: onde a população pode conhecer um pouco mais do seu trabalho?
Tonico da Viola: eu tenho um evento fixo que é no Cantinho Caipira, que combina com Tonico da Viola, que é totalmente contrário ao sertanejo, tocamos lá todo sábado das 12 às 15h30.