01/07/2018 08:00
Campo-grandenses ainda resistem em comprar o kit do sinal digital de televisão
Quem não é beneficiado por programas sociais está deixando para adaptar os aparelhos na última hora
No dia 14 de agosto deste ano, Campo Grande e Terenos vão ter o sinal analógico de televisão cortados e, para que as famílias continuem a ter os aparelhos funcionando, uma antena deve ser instalada nas antigas TVs de tubo.
Os campo-grandenses que ainda não retiraram o kit gratuito (com antena digital, conversor e controle remoto) estão deixando para comprar na última hora e fazer com que a televisão não vire apenas um objeto de decoração em casa.
Ailton Carlos é morador do Loteamento Porto Belo e se deu bem com a chegada do sinal digital. O patrão do gesseiro adquiriu uma nova televisão e deu a antiga, de tubo e 29 polegadas, para ele. Agora, Ailton se preocupa apenas em como vai adaptar o equipamento para receber a nova tecnologia.
“Ainda estou pensando na situação. Vou continuar usando até onde der. A TV está no meu quarto e funciona perfeitamente.”
Apesar do sinal moderno transformar as imagens e os sons em dignos de cinema, o homem acredita que as famílias de baixa renda, que não são cadastradas nos programas do Governo Federal, terão que buscar outras formas para se adequarem a partir de agosto.
“Quem não tem dinheiro e não pode fazer a retirada do kit gratuito porque não é cadastrado em programas sociais não vai ter tanta vantagem assim”.
Maria dos Santos já se livrou da dor de cabeça antes mesmo no anúncio do desligamento do sinal. A moradora da região da Av. Guaicurus comprou um aparelho de TV a Cabo e plugou no equipamento antigo.
“Usei a TV velha para colocar o aparelho dos canais fechados, agora não preciso me preocupar em comprar um conversor e nem agendar para tirar o Kit porque lá em casa não vai mudar nada.”
Em exemplo do gesseiro, Carlos Roberto Fraga também não possui o conversor. O administrador explica que não “parou para pensar” como vai fazer com a televisão que tem na cozinha de casa e ainda é de tubo.
“Não quero jogar ela fora, mas também não tenho direito a receber o kit por causa da minha renda. Acho que o jeito vai ser comprar mesmo (o conversor), mas só quando eu tiver um tempo para ir atrás disso. Na correria do dia-a-dia fica difícil.”
Conforme Antonio Carlos Martelletto, presidente da Seja Digital, os aparelhos adquiridos antes de 2010, precisam de um conversor para receber o sinal digital.
“Hoje 40% das televisões são tubos, que devem contar com conversor para receber o sinal. Essa mudança começou em 2014, mas não é um fato isolado do Brasil, é um acordo mundial, 74 países já concluíram a operação, enquanto 52 estão com o serviço em andamento”, explica o presidente.