18/05/2018 12:00
PMs envolvidos com contrabandistas de cigarros em MS continuam com salário em dia
20 foram presos, entre eles oficiais com remunerações que superam a casa dos R$ 20 mil
Os 20 policiais militares, entre os quais oficiais e comandantes de pelotões, presos nesta semana em Mato Grosso do Sul, por participação em esquema de contrabando de cigarros permanecem ativos em suas funções e seus salários não serão retidos, isto é, continuam caindo em suas contas, alguns deles superior a R$ 20 mil. Ao menos por enquanto ninguém será demitido.
A pena mais “dura” aplicada contra o bando militar atinge oficiais que comandam ou subcomando quartéis, como em Jardim, por exemplo. Isso, contudo, não implica em corte do salário.
Outros militares metidos na trama da máfia do cigarro seguem suas atividades normalmente.
Os militares foram presos no âmbito da Oiketicus operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público Estadual. Eles facilitavam o contrabando e, em troca, recebiam propina. Na prática, os policiais militares, incluindo oficiais, agiam como “seguranças” do crime organizado ligado ao contrabando de cigarros.
A operação foi batizada de Oiketicus em alusão às lagartas desta espécie, também conhecidas com bicho de cigarro.
COMUNICADO
Em nota oficial emitida pela Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), é dito que os policiais envolvidos já sofrem investigação.
“Em relação à Operação Oiketicus, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio da PMMS, esclarece que todos os fatos atribuídos aos policiais militares, são objeto de procedimentos em andamento na Corregedoria da Polícia Militar, na Polícia Civil e na Polícia Federal, de acordo com a competência de cada órgão”.
Ainda conforme a assessoria da Sejusp, concluída as investigações o caso segue para o Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal e Auditoria Militar.
O comunicado da Sejusp arremata a nota dizendo que “quanto aos oficiais que ocupavam funções de comando ou subcomando de Unidade Policial Militar, todos foram afastados dos cargos e substituídos”.
VAGAROSO
Processos que envolvem policiais implicados em tramas criminosas, normalmente demoram ao ponta de superar década.
Caso emblemático é do ex-major da Polícia Militar, Sérgio Roberto Carvalho, encrencado até o pescoço com crimes de contrabando, fraude e exploração de máquinas caça-níqueis.
Investigado desde a década de 1990, o ex-oficial só foi exonerado em março deste ano. Em 2009, ele tinha sido excluído da PM, contudo, recurso aceito pelo Tribunal de Justiça, reincluiu-o no quadro da instituição. Até 2016, dois anos atrás, Carvalho recebeu salário, em torno de R$ 10 mil mensais.