Cidades

03/05/2018 11:20

Mãe teve filho trocado em maternidade e caso só não foi pior graças a 'defeito genético'

Pavor de toda mãe foi vivido por Aline, que lembrou de um detalhe na hora do parto

03/05/2018 às 11:20 | Atualizado Liziane Berrocal

Há nove anos ela viveu o pavor da maioria das mães quando vão dar a luz. O filho dela foi trocado na maternidade. A situação só não foi mais grave, pois um defeito de nascimento em um dos dedos do bebê foi relatado na hora do parto. O que fez com que Aline Alice Mitzko passasse por uma situação desesperadora.

A situação foi relatada ao TopMidiaNews após a denúncia de Jessica Arantes, que reclamou de violência obstétrica na Maternidade Cândido do Mariano.

“Eu tinha 18 anos, no dia 24 de outubro de 2008 entrei em trabalho de parto e fui para uma UBS, na época me perguntaram qual hospital de preferencia eu tinha, e como havia ouvido falar muito bem da maternidade resolvi ganhar meu filho lá. Até então tudo bem, fui internada e fiquei no aguardo da dilatação. Havia mais três mães junto comigo e duas de nós entramos em trabalho de parto no mesmo momento. Fomos levadas para uma sala separada apenas por um biombo. No momento em que meu filho nasceu, uma enfermeira me informou que meu filho tinha nascido com uma deficiência no dedo, neste momento disse a ela que isso era normal, pois era de família, eu também tinha essa ‘falha genética'", conta ela sobre o parto do primeiro filho.

A falha de nascer “sem uma pontinha de um dos dedos”, ficou na cabeça da mãe. “Neste momento levaram meu filho e o da outra moça para limparem e enfim, porém quando a moça retornou com o bebê e a minha pulseira, o bebê já veio da sala com a pulseira, eles não colocaram na hora do nascimento. Após isso levaram o bebê de volta e aí começou outra situação muito desagradável. Por ser do SUS, acredito eu, após o parto normal muito exaustivo e sofrido diga-se de passagem, a equipe médica simplesmente começou a ter uma aula enquanto era feito a sutura na minha vagina. Fiquei muito envergonhada e em nenhum momento fui questionada se poderiam ou não fazer aquilo”, conta sobre a violência obstétrica sofrida naquele momento que deveria ser mágico.

“Quando foi meia-noite e meia, um pouco mais de uma hora e meia do nascimento do meu filho, levaram o meu bebê e o da outra moça enrolados em uma coberta. Passei a noite inteira com aquela criança, o amamentei e fiquei com ele até o dia amanhecer. Quando o médico da moça ao meu lado chegou pela manhã, ela o questionou se a unha do filho dela iria crescer, pois como ele havia sujado a frauda, ela tirou a coberta dele. Foi quando me veio na memória a moça me falando sobre as unhas do meu filho. Nesse momento desenrolei meu bebê e percebi que ele tinha todas as unhas enormes, olhei pra moça e disse ‘moça acho que esse bebê é meu’ e mostrei minha mão pra ela”, narra a jovem, que mesmo após passado dez anos, não esqueceu o trauma.

Segundo ela, após ela lembrar desse “detalhe”, as mães que estavam no local ficaram assustadas e a equipe da maternidade começou a agir. “Nesse momento todas as mães que estavam na enfermaria ficaram assustadas e aí colocaram a gente em quartos separados na ala particular. Fizeram exame de DNA, mas antes do resultado, naquele exato momento, nós trocamos os nossos bebês, mas foi traumático".

Descaso e "mudança para o interior"

Aline conta que o descaso não parou por aí. “Quinze dias depois fui buscar o exame de DNA, mas o descaso foi tão grande que acabei nem pegando. Na época era muito nova e agradeci por estar com meu filho em meus braços. Naquele dia, conversando com a outra mãe, descobri que ela tinha planos de ir morar no interior do Estado. Se não fosse aquela enfermeira, hoje estaria com um filho que não era meu, e o pior, por pura falta de procedimento. O sentimento que tenho é que lá, principalmente quando somos atendidos pelo SUS, nos tratam como bicho, como se fossemos meras mães selvagens”, reclama.

Hoje, a mulher fala sobre o assunto, mas a situação foi muito desgastante. “Eu era muito nova, não fiz nada judicialmente, mas hoje conto minha história para ajudar outras mães, que não passem por isso e denunciem a violência obstétrica”.