Política

02/05/2018 13:10

Vander chama Collor para testemunhar, mas senador pede para não produzir provas contra si

Fachin, no entanto, não se sensibilizou e manteve depoimento de senador do PTC

02/05/2018 às 13:10 | Atualizado Diana Christie
Wesley Ortiz

O senador Fernando Collor (PTC-AL) pediu ao ministro Edson Fachin para ser dispensando de oitiva no STF (Supremo Tribunal Federal) na ação penal que investiga o deputado Vander Loubet (PT-MS) e o ex-assessor do petista Pedro Paulo Leoni Ramos. Ele não quer produzir prova contra si mesmo.

As informações são do jornal O Globo. Segundo publicado pelo colunista Lauro Jardim, Collor foi arrolado como testemunha pela defesa de Loubet, mas disse que prefere não depor para não gerar provas contra si mesmo. Assim como Vander e Leoni, ele é investigado por desvios na BR Distribuidora.

Fachin, no entanto, não se sensibilizou. Disse que ele poderia, durante o depoimento, optar por não responder essa ou aquela pergunta, mas não tem prerrogativa para não ir. De acordo com o ministro, só são dispensados aqueles que por dever de ofício não podem prestar informações, como médicos sobre o sigilo de pacientes.

“Tal premissa em nada se confunde com o compromisso de dizer a verdade sob as penas da lei”, destacou o ministro, que marcou o depoimento de Collor para quarta-feira, às 14h.

Denúncia

Único parlamentar de Mato Grosso do Sul na lista da Operação Lava Jato, o deputado federal Vander Loubet é investigado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e recebimento de vantagens indevidas. As penas para estes crimes, somadas, variam entre dois a 22 anos de reclusão, além de multa.

Segundo o inquérito iniciado pelo MPF (Ministério Público Federal), Vander teria usado sua influência no Congresso Nacional para manter pessoas ligadas às empreiteiras denunciadas pela Polícia Federal no comando da Petrobras. Sua ligação com o cartel de empresas que manipulavam os certames da estatal foi evidenciado durante os acordos delação premiada, conforme dizem as investigações.

Em seu depoimento, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, relata que Vander teria participado de uma reunião na casa do lobista Jorge Luz em que o grupo discutia repasses ilegais para a campanha eleitoral do ex-deputado federal Cândido Vacarezza (PT-SP), em 2010, quando o ex-parlamentar teria recebido entre três e quatro depósitos de R$ 150 mil provenientes de propina.

Por sua vez, o doleiro Alberto Youssef revelou, durante as investigações, que Vander teria recebido recursos a pedido de Pedro Paulo Leoni Ramos, da empresa GFD Investimentos, e que o deputado operava fundos de pensões e algumas subsidiárias da Petrobras como a BR Distribuidora, capitaneada também por Vacarezza e pelo senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL).

A propina, de valor não especificado, teria sido entregue para o parlamentar, através do advogado Ademar Chaga da Cruz (OAB 13938). Inclusive, existiria uma ligação telefônica interceptada pela polícia federal em que Ademar cobra os depósitos de Pedro Paulo e depois pede desculpas, pois percebe que os pagamentos já haviam sido efetuados.

A GFD Investimentos funcionaria como uma empresa de fachada do esquema de corrupção, principal forma de lavagem de dinheiro usado por Alberto Youssef. Isso significa que a empresa não tinha atividade econômica ou capacidade de executar os serviços solicitados, mas era contratada para atividades de consultoria e emitia notas fiscais reais sem nunca executar o trabalho.

O dinheiro depositado na conta dessas empresas costumava ser sacado em espécime e utilizado no pagamento dos operadores e políticos. Entre as empresas de fachada podem ser citadas ainda a MO Consultoria, Empreiteira Rigidez e a RCI Software.