19/04/2018 15:10
Vítima desconfia e polícia desvenda esquema estelionatário de falsas vendas de casas da Emha
Golpista solicitava entrada de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil para garantir uma casa popular
Bem apresentável, com residência fixa e muito bom de conversa, era assim que o assistente administrativo Wagner Pinto de Souza Junior, 34 anos, conquistava suas vítimas, apelando para o sonho de milhares de brasileiros: a casa própria. Após denúncia, a polícia prendeu o estelionatário, mas para quem caiu no golpe fica o prejuízo e a indignação.
“Ele tinha uma casa da Emha (Instituto Municipal de Habitação), que falava que ia facilitar pra gente, se tivesse o cadastro. Ele pegou R$ 3 mil de entrada e desapareceu. Foram muitas pessoas que caíram no golpe desse cara. Fiquei sabendo que foi preso, mas o dinheiro eu perdi”, conta o maquinista André Soares Gomes, 36 anos.
A secretária Sonia Aparecida de Freitas, 46 anos, foi outra vítima do estelionatário. Ela conta que Wagner era cliente do escritório onde trabalhava e enganou mais três conhecidos seus. Para ela, chegou a indicar onde seria a casa e até a levou em sua própria residência, no Parque Residencial União.
“Na época ele me pediu um cheque de R$ 2 mil. Ele ia arrumar uma casa no residencial Celina Jallad, pegou meus documentos todos, mas as casas foram entregues e eu não recebi. Vi na televisão e fui cobrar. Eu ligava, no começo ainda me atendia, dizia que ia entregar a casa, depois devolver meu dinheiro. Me passou o telefone da mãe dele, mas ela não queria mais me atender e percebi que ele não ia me pagar”, relata.
Sônia fala sobre a frustração de não ter o sonho realizado. “Quem não quer ter sua casa própria? Ele parecia confiável, eu tenho testemunhas, o canhoto do cheque que ele descontou no Bradesco. Ele falava que era da prefeitura, pediu cópia dos meus documentos, falou onde ia ser a minha casa. Entregaram as casas e cadê a minha?”, lamenta a secretária.
A prisão
Wagner foi preso em 5 de abril e encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Piratininga. Segundo o boletim de ocorrência, ele foi emboscado por uma das vítimas, que percebeu o esquema e denunciou o crime para as autoridades policiais.
A última vítima, um homem de 59 anos, conta que Wagner se apresentou como funcionário da prefeitura e garantiu a casa com uma entrada de R$ 1,5 mil. Animado com a proposta, o homem indicou mais 12 pessoas, que, juntas, entregaram cerca de R$ 18 mil para o suspeito, mas começaram a relatar dificuldades para contatá-lo.
Desconfiado, o homem acionou a polícia militar da prefeitura, onde descobriu que ninguém com este nome trabalhava na Emha. Com o apoio dos policiais, ele então marcou um encontro com Wagner para repassar o valor da entrada. O estelionatário o buscou em casa e foi até o banco com ele, onde os policiais o aguardavam.
Na delegacia, os investigadores descobriram o registro de uma ocorrência de outra vítima e iniciaram o inquérito, ouvindo todas as testemunhas. O diretor-presidente da Emha, Enéas José de Carvalho, foi até à polícia e apresentou os registros de nomeação e exoneração de Wagner, que já havia deixado o cargo quando começou a aplicar os golpes.
O rapaz foi encaminhado para o presídio de trânsito e aguarda julgamento.