Campo Grande

16/04/2018 17:00

'Matei por ter sido chamado de corno', confessa assassino de Mayara

Discussão teria iniciado quando a vítima afirmou que não deixaria de fazer programas

16/04/2018 às 17:00 | Atualizado Bruna Vasconcelos e Kerolyn Araújo
Roberson não demonstrou arrependimento durante audiência - Wesley Ortiz

Uma noite regada a drogas e bebidas resultou na discussão que levaria Roberson Batista da Silva, 32 anos, a dar uma tesourada fatal no pescoço da namorada Mayara Fontoura Holsback  na madrugada do dia 15 de setembro do ano passado, na casa da vítima.

A afirmação foi feita pelo suspeito durante audiência, na tarde desta segunda-feira (16), na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. Roberson confessou que deu o golpe após “ficar cego” ao ser chamado de corno e ter sido humilhado pela vítima que teria afirmado que não deixaria de fazer programas.

Profissional do sexo: esse teria sido o motivo da última discussão do casal conturbado Roberson e Mayara. O suspeito relatou que no dia do crime, ele e a namorada estavam em uma festa quando decidiram ir para a casa dela no bairro Universitário. Quando chegaram na residência, os dois começaram a cheirar cocaína, consumir bebida alcóolica e praticar sexo. Em determinado momento, Mayara teria ido para o banho e na volta começou a provocar o namorado afirmando que ele era “corno” e que ela não deixaria de fazer programas. A jovem ainda teria afirmado que os clientes proporcionavam mais prazer do que ele durante o sexo.

“Na hora eu fiquei cego e passei a tesoura no pescoço dela.”

O namorado também contou, durante audiência, que notava um comportamento estranho de Mayara desde a época das visitas quando ele estava preso. Por ser um relacionamento extremamente perturbado e motivado por ciúmes de ambas as partes, Roberson disse que Mayara andava com ‘uns papos estranhos’ de que ele não poderia fazer nada com ela senão também ia morrer. Além disso, a garota também falava que tinha coragem de matar ele dormindo e jogar água quente dentro do seu ouvido.

Após o crime, o homem encontrou as chaves da casa escondidas dentro de um fogão velho e deduziu que a namorada estava ‘armando’ algo contra ele por ter trancado as portas e escondido o chaveiro.

Roberson também teria notado que a tesoura, usada no assassinato, estava na sala em cima de uma caixa de som quando o casal chegou em casa. Depois que ele saiu do banho, o objeto estaria ao lado da cama. Para o juiz, o namorado afirmou que isso foi um indício de que a vítima planejava algo contra ele.

Apesar do clima tenso e da história trágica, em momento algum o suspeito demonstrou remorso ou arrependimento enquanto contava a história de namoro do casal.

Início

Em julho de 2015, o homem tinha um relacionamento com uma garota de programa amiga da vítima. No dia 15 do mesmo mês, as amigas pediram que ele levasse elas até uma festa, local onde Roberson e Mayara deram o primeiro beijo e decidiram ficar juntos. Quando terminou o evento, o suspeito teria perguntado se ela queria parar de fazer programas e ter um relacionamento sério com ele.

Diante da afirmativa, no dia seguinte a jovem teria ganhado uma motocicleta de presente do namorado. Cerca de cinco dias depois, o casal fez tatuagem no braço e morar juntos depois de dez dias.

No dia 28 de outubro do mesmo ano, Roberson foi preso em uma blitz por estar foragido da justiça suspeito de tentativa de homicídio contra a ex-mulher. No tempo em que estava no Presídio, o suspeito monitorava a vítima através de um aplicativo instalado nos dois aparelhos.

Durante a defesa ele ainda afirmou que “dava tudo para ela” como carro, moto e teria gastado mais de R$ 15 mil em joias.