Ciência e Tecnologia

15/03/2018 15:38

1ª estação de monitoramento de ar reforçará pesquisas sobre qualidade do ar em MS

Estação de monitoramento da qualidade do ar será primordial para que docentes e acadêmicos possam aumentar o nº

15/03/2018 às 15:38 | Atualizado UFMS
Ilustração

Projeto desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) permitirá ao Laboratório de Ciência Atmosférica – LCA da UFMS receber equipamentos que irão compor a primeira estação de monitoramento do ar em Campo Grande.

A estação de monitoramento da qualidade do ar será primordial para que docentes e acadêmicos possam aumentar o número de pesquisas direcionadas à poluição atmosférica, possibilitando a análise da qualidade do ar na Capital e em outras regiões do Estado.

“Queremos fazer um monitoramento da qualidade do ar em Campo Grande e um inventário da poluição no Estado de Mato Grosso do Sul. Vamos medir todos os poluentes para termos uma melhor ideia da qualidade do ar no nosso entorno”, diz o professor do Instituto de Física Widinei Alves Fernandes.

A estação de monitoramento será o norte de referência para muitas pesquisas. Serão monitorados o Monóxido de Carbono (CO), ó xidos de Nitrogênio (NO+NO2), Dióxido de Enxofre (SO2), Ozônio (O3), Partículas Inaláveis (PM10) e Partículas Respiráveis. Através do monitoramento serão estudadas as possíveis fontes dessa poluição.

Iremos utilizar a estação para calibrar outros sensores e instalá-los em outras localidades. Isso vai mostrar a nossa capacidade de fazer esse tipo de estudo. Temos outros parceiros a nos apoiar, como a Secretaria Estadual de Saúde e o próprio Ministério Publico Estadual, que inclusive irá pagar uma parte dos custos para fazer a calibração e o conserto de alguns equipamentos que temos destinados ao monitoramento de qualidade do ar”, explica o professor.

Algumas das pesquisas que estão em andamento são realizadas até então por meio de análise de imagens do sensor Ozone Monitoring Instrument (OMI) a bordo do satélite AURA da NASA, entre elas a que avalia a distribuição espacial e temporal do NOx (óxidos de nitrogênio) e do Monóxido de carbono no Mato Grosso do Sul.

Segundo Widinei, já existem algumas prévias do comportamento, mas os pesquisadores querem fazer uma investigação mais profunda. “Isso é importante quando se fala em poluição atmosférica, porque as pessoas a associam ao clima, visto que alguns poluentes realmente afetam o clima, mas um propósito que temos é verificar o quanto ela afeta a saúde humana”, expõe.

Doenças e mortes

Cerca de 6,5 milhões de pessoas morrem no mundo, anualmente, por conta da poluição atmosférica, um problema enfrentado no Estado principalmente com as queimadas, que na época de estiagem pioram consideravelmente a qualidade do ar, em especial no norte e noroeste de Mato Grosso do Sul.

Imagem de satélite

Segundo o professor Fernandes, o Monóxido de Carbono (CO) interfere na capacidade do sangue de oxigenar os tecidos e órgãos vitais como o coração e o cérebro, com danos à percepção, à acuidade visual, à atividade mental e aos reflexos.

Os Óxidos de Nitrogênio (NOx) debilitam o sistema imunológico, aumentando à suscetibilidade à contaminação por vírus e bactérias, podendo provocar desconforto respiratórios e alterações celulares.

No caso dos Materiais Articulados (MP), as partículas maiores ficariam retidas no nariz e na garganta, causando irritação nas vias respiratórias e facilitando infecções virais e bacterianas. As menores atingem o pulmão e podem causar alergias, asma e bronquite, aumentando as doença pulmonares e cardíacas.

Os seres vivos são ainda acometidos por outras intercorrências provenientes de outros gases e substâncias químicas como Dióxido de Enxofre (SO?), Compostos Orgânicos Voláteis (COV), Ozônio (O?), entre outros.

“Sabemos de forma qualitativa que é uma região poluída e agora queremos quantificar. Queremos descobrir o quanto essa poluição está cima dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA N.03/90”, coloca Fernandes.

O professor afirma que a análise por satélite não é uma técnica de referência, mas é um bom indicativo de uma região em que se deva fazer melhor monitoramento. Hoje, o LCA monitora por satélite NO?, CO, e passará a medir também SO?.

Pantanal

As queimadas são a principal fonte do Monóxido de Carbono e de Óxidos de Nitrogênio nas localidadesmais impactadas no Estado – norte e noroeste. Além das queimas no Pantanal, a localidade sofre com fumaças vindas principalmente do Estado de Mato Grosso e da Bolívia.

Corumbá, Ladário e Aquidauana são exemplo de municípios que nos meses mais secos enfrentam a qualidade do ar bem comprometida por monóxido de carbono e outras partículas.

“Os estudos atuais de avaliação com dados de satélites e os sensores nos possibilitam quantificar essa poluição. Outro propósito é descobrir quanto tempo essa poluição permanece – depois de quanto tempo a atmosfera fica limpa, uma única chuva limparia a atmosfera?”, questiona.

Quando se mede os valores de poluição, os pesquisadores assinalam que o comportamento é sempre o mesmo ano após ano. Assim, pode-se estimar quando essas concentrações irão causar um dano à saúde, o que possibilita alertar os municípios e o Estado, com prognósticos para os próximos dias e semanas das condições do ar.

“Se houver, por exemplo, postos de saúde com poucos inaladores, que seriam importantes nesse período por conta de problemas respiratórios relacionados, o alerta é sempre importante, assim como para as pessoas que têm pré-disposição as doenças respiratórias ou relacionadas, entre elas crianças e idosos”, completa.

O professor enfatiza que o objetivo não é simplesmente medir, mas encontrar um padrão de comportamento, tentar identificar essas fontes e, se possível, fazer com que nos próximos anos o problema não se repita na mesma intensidade do ano anterior, mas caso ocorra informar a população com uma certa antecedência, dos níveis que está exposta e das precauções que tem de tomar com relação a isso.