15/02/2018 11:15
Vídeo: jovens relatam momentos de pânico em ônibus atacado por vândalos
'A última coisa que queremos é participar de um fervo no ônibus com direito a cervejinha e pó', escreveu uma das passageiras
Revoltada com a situação que enfrentou na noite de ontem (14), dentro de um transporte coletivo na Capital, uma jovem de 20 anos, identificada apenas pelas iniciais G. C., resolveu descrever a turbulência que viveu ao ser vítima de um grupo formado por quatro menores de idade e dois adultos, que começaram a danificar o ônibus com pedras e garrafas de vodka.
Conforme a jovem, os passageiros pediram ao grupo que não fizesse o uso de entorpecentes dentro do ônibus e parasse de ingerir bebida alcóolica no transporte. Com o pedido, eles começaram a agredir alguns passageiros e, como todos que estavam no local gritavam de desespero, o grupo desceu e começou a depredar o veículo da empresa São Francisco.
“Literalmente estou muito indignada e triste. Uma revolta enorme. Só Deus sabe, somos trabalhadores, passamos o dia inteiro com barulho nos ouvidos, trabalhamos com gente e isso é estressante. A última coisa que queremos é participar de um fervo no ônibus com direito a cervejinha e pó. Respondendo à pergunta do vândalo do Nova Lima, sim, realmente o transporte é público, mas os nossos ouvidos não são. Até porque existe fone de ouvido, cada um ouve o que quer”, escreveu.
Ela destaca que teve a sensação de que iria perder a vida no meio da violência. “Em momento nenhum os passageiros do ônibus foram grossos ou
G. C. relembra que um dos passageiros apanhou após tentar dialogar com um dos menores. “O cara apanhou por simplesmente ter levantado do banco para falar com o moleque. Daí o valentão se acha no direito de vir para cima dele. E por final desceram porque todos os passageiros começaram a gritar pedindo pra pararem com a briga e, revoltados descem, e começam a atacar pedra na gente. Isso é bonito Campo Grande? Aonde vamos parar desse jeito? Ainda o ser grita falando que aqui é Nova Lima. Nós levamos pedradas de graça simplesmente por pedir respeito ao nosso cansaço”.
Uma jovem de 18 anos, que prefere não se identificar por medo de represálias, também utilizou as redes sociais para relator o ato de vandalismo registrado e destaca que ficou deitada no chão do veículo para tentar não se machucar, enquanto o ônibus era atacado.
“O motorista parou o ônibus e pediu para que eles descessem, eles desceram e, logo em seguida, atacaram o ônibus. Logo nisso o garoto falou comigo não, aqui é Nova Lima. Machucou metade das pessoas que estavam no ônibus, essa é a sociedade, os jovens, cadê as mães das meninas? Elas acham bonitos? É realmente o fim do mundo. Pessoas ficaram em choque, algumas se machucaram feio. Você sabe o que é você ter que deitar no chão de um ônibus para não se machucar? Largar as suas coisas para acudir uma pessoa por que entrou em choque? Um trauma, um medo”, escreveu.
O caso
Passageiros de dois ônibus da viação São Francisco acionaram a Polícia Militar na madrugada desta quinta-feira (15), após um grupo formado por quatro menores de idade e dois adultos começar a quebrar dois veículos que trafegavam pela Avenida Marquês de Erval, no bairro Nova Lima em Campo Grande.
Conforme agentes da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, o grupo começou a ouvir som alto dentro de um dos veículos e a fazer o uso de drogas, incomodando os passageiros, que começaram a reclamar. Diante das reclamações, todos desceram no bairro Nova Lima, começaram a apedrejar os veículos e jogaram garrafas de bebida contra as janelas, deixando passageiros feridos.
O grupo era liderado pelos adultos, identificados apenas como Ismael e Lorraine. Duas meninas e dois meninos menores de idade ajudaram a danificar os veículos. Ao perceber a presença da polícia no local, o grupo tentou empreender fuga, mas todos foram capturados, com exceção de um menor, que conseguiu deixar o local, mas já foi identificado pelos policiais.
Com a mulher, a polícia encontrou uma porção de maconha, uma quantia em dinheiro e dez papelotes de cocaína. Os menores confirmaram que faziam o uso de entorpecente cedido pelo casal. Os menores foram liberados com os responsáveis.
Já o casal, Lorraine e Ismael, permanece preso. Eles foram autuados em flagrante por tráfico de drogas, danos ao patrimônio público e corrupção de menores.