Campo Grande

12/02/2018 15:15

Novela sem fim: Material para de chegar e curso técnico está com dias contados em favela

Moradores da favela José Teruel não conseguiram concluir casas e continuam morando em barracos de lona

12/02/2018 às 15:15 | Atualizado Dany Nascimento
Dany Nascimento

O caos continua para os moradores da antiga favela Cidade de Deus, que foi desmembrada e distribuída em quatro pontos da Capital. Os moradores da favela José Teruel estão aflitos e já perderam a esperança de deixar os barracos de lona, já que os materiais para a construção das casas pararam de chegar.

De acordo com o presidente da José Teruel, Rony Leão, 31 anos, com a derrota nas urnas, o ex-prefeito Alcides Bernal (PP) suspendeu a entrega dos materiais e a situação ainda não foi resolvida, mesmo após um ano de gestão do prefeito Marquinhos Trad (PSD). “O Alcides perdeu e parou de mandar material, suspendeu. Ainda falta parte de elétrica, hidráulica e falta cobrir as casas. Ficamos assim, nesse verdadeiro caos. Continuamos morando nos barracos de lona, a situação que seria resolvida em 2016 continua igual”.

Rony destaca ainda que os moradores participam de um curso no Cecapro, que a princípio teria duração de 30 dias e ofereceria aula prática para os alunos, mas agora tudo está em risco. “O curso já dura 240 dias, agora eles avisaram que vão parar por falta de pagamento aos professores. Uma professora que daria aula prática já não vem mais, o contrato dela venceu e pronto, ela não vem. Como vamos ficar sem aula prática, só tivemos aula teórica até agora, não tem como ficar assim”.

O presidente garante que já tentou diversos contatos com a prefeitura, que se mantém distante dos moradores. “A última vez que nos reunimos com o prefeito foi há quatro meses, ele passou o curso para a Funsat e passou a responsabilidade das casas para a Emha, mas de que adianta, ninguém dá uma resposta. Pedimos reunião com o presidente da Emha, mas nada foi feito até agora”.

Representante da favela Jardim Canguru, Edileuza Luiz, 38 anos, acredita que a suspensão do curso é um verdadeiro ‘tiro no pé’, já que o município corre o risco de perder os materiais que já foram utilizados para levantar a estrutura das casas. “Os materiais vão estragar, tem muita chuva, vamos acabar perdendo aquilo que já fizemos. As casas foram construídas, agora temos que terminar, é um tiro no pé fazer isso com a gente agora”.

A situação é diferente e até mais preocupante para os líderes das favelas na área do Vespasiano Martins, onde as casas foram finalizadas, porém os moradores já foram surpreendidos com desabamento. “Se dá uma chuva forte, o teto desaba, a estrutura cai, a situação é pior ainda porque não temos para onde correr desse jeito. Se cair na cabeça, mata alguém. Se parar o curso, a situação piora, porque eles não vão ter aula prática para conseguir construir algo de qualidade”.

 O TopMídiaNews entrou em contato com a prefeitura da Capital, mas até o fechamento desta matéria, nenhuma informação foi encaminhada.