Polícia

25/01/2018 11:16

Médico cardiologista e empresário superfaturavam stents em até 100%, aponta PF

Além disso havia desvio de materiais para clínicas particulares

25/01/2018 às 11:16 | Atualizado Liziane Berrocal e Rodson Willians
Delegado explicou modus operandis de médico e empresário - Foto: Wesley Ortiz

Um superfaturamento de 100% e propina pagas com viagens e carros de alto valor. Foi isso que segundo a Polícia Federal levou o cardiologista Mercule Pedro Paulista Cavalcante a aceitar um esquema com o empresário Pablo Figueiredo da Amplimed Comércio de Produtos Hospitalares. O montante desviado chega a R$ 3,2 milhões.

De acordo com as informações da Polícia Federal a investigação começou em junho de 2016 quando foi recebida denúncia envolvendo a empresa Amplimed que já havia aparecido durante a investigação Sangue Frio com o nome CUORE, porém não havia sido investigada na época, mudando a razão social.

Segundo o delegado Cleo Mazotti, superintendente em exercício da Polícia Federal, as fraudes na compra dos materiais e desvios foram apuradas durante as investigações. “As denúncias são de fraude em licitações e desvio de material de medicina. Entres os que tiveram medida de tornezeleira está o médico cardiologista Mercule Pedro Paulista Cavalcante e o empresário Pablo Figueiredo dono da Amplimed”, afirmou durante coletiva realizada na sede da Polícia Federal nesta quinta-feira (25).

Função pública e cláusulas impeditivas

O cardiologista tinha várias funções em hospitais públicos que ia desde controle de estoque até de licitações e acabava favorecendo em conjunto com empresários para que a empresa vencesse a licitação. “Devido a precariedade de fiscalização e controle nesses locais, alguns stentes coronarianos eram desviados e que tinham valores superfaturados durante a compra, saltando de R$ 800 a R$ 900 para R$ 2 mil. E itens de aparelhos eram ou desviados do estoque ou reaproveitados e até mesmo vencidos e reinseridos no mercado”, explicou Mazotti.

Para favorecer as empresas eram impostas cláusulas restritivas e pesquisavam os produtos com especificações bem exatas e também com pareceres médicos subjetivos. “Com isso acabaram favorecendo a empresa investigada”.

Para o superintendente em exercício a prisão dos envolvidos não foi pedida, pois não haveria necessidade, mas sim o uso de tornozeleira para monitoramento dos dois investigados. “Além disso há outras restrições como proibição de entrar nas unidades de saúde investigadas e na sede da empresa, além de não terem permissão para se ausentarem da cidade”.

No total são oito investigados, sendo seis servidores públicos e dois empresários e não é o fim a investigação que pode desencadear novas operações. Também foram cumpridos mandados em outras duas empresas de materiais hospitalares sendo a QLMed e Biosteril, ambas com sede na Capital.