28/01/2018 13:30
'Aqui tem muita droga, político não passa nem para dar oi', reclamam moradores da Nhanhá
População relata que foi esquecida pelo poder público e não tem esperança de melhoras
Basta caminhar pelas ruas da vila Nhanhá, em Campo Grande para se deparar com o comércio de drogas em plena luz do dia. A Rua Ranulfo Correa é considerada o corredor principal para a venda de entorpecentes, com um ‘vendedor’ em cada esquina, no aguardo de compradores.
Uma comerciante de 53 anos, que optou por não se identificar por medo de represálias, afirmou que toca um comércio há poucos meses na região e, no primeiro dia em que montou a loja, foi furtada. “Mudei para a região e no primeiro dia, eles entraram e levaram vários produtos. Colocamos grade para tentar se proteger e mesmo assim eu tenho muito medo”.
Questionada sobre os pontos de venda de drogas, a comerciante afirma que nem a polícia consegue impedir a comercialização. “A polícia passa, tenta impedir, leva, mas dias depois, o mesmo que foi preso vendendo está de volta no bairro. Não adianta, eles voltam e continuam comercializando. Tem muito noinha aqui na região”.
Jusley de Araujo Macedo, 23 anos, que é dona de uma loja de roupas há dois anos na Vila Nhanhá conta que já foi assaltada dentro do comércio.
A jovem relata ainda, que a falta de iluminação preocupa os moradores durante a noite. “É bem escuro aqui, fica perigoso para quem mora e para quem trabalha, tem alguns postes que falta iluminação, é complicado. Tem também os andarilhos, os usuários que ficam enchendo o saco na porta”.
Com comércio há 13 anos na região, Luis Carlos da Silva, 47 anos, também acredita que a comercialização de entorpecentes seja o maior problema e destaca que políticos não costumam fazer em prol da região e passam longe da vila até mesmo em época eleitoral. “É escancarada a comercialização, político aqui nem aparece, nunca apareceu, nem vereador, nem deputado, nem prefeito, nem ninguém. A região não entra na lista deles para melhoria nenhuma. O serviço da polícia aqui contra o tráfico é como enxugar gelo, eles tentam, mas os caras que são presos voltam primeiro que os policiais para a região”.
Segundo Luis, cerca de 60% das casas da vila comercializam entorpecente. “Eu não entendo, porque falam que dá muito dinheiro, mas olha isso aqui, o bairro é cheio de pessoas carentes, não tem gente rica aqui. Falta o poder público olhar para essa região, resgatar essas pessoas, esses usuários, é complicado”.