Campo Grande

04/01/2018 11:00

Gêmeos autistas sofrem discriminação no shopping Bosque dos Ipês e mãe denuncia caso

Atendentes afirmaram que eles não poderiam brincar juntos em parque

04/01/2018 às 11:00 | Atualizado Liziane Berrocal

Mãe de gêmeos autistas, Lara Paulon enfrentou uma situação que ela considera preconceito e discriminação no shopping Bosque dos Ipês, em Campo Grande. Em passeio com os filhos pelo local,  os gêmeos Isaque e Eduardo, de 4 anos e 7 meses, os meninos se empolgaram com um parque no meio da praça central do local. Foi aí que o problema começou, pelo fato dos gêmeos serem autistas, eles foram impedidos de brincarem juntos no local. 

“As meninas do parque Aventura nas Árvores, que fica no meio do shopping, além de não saberem lidar com meus filhos foram extremamente agressivas e até mesmo irônicas. Cheguei com as crianças lá e, quando uma delas tentou pegar um dos meninos, eu expliquei que não poderia tocar neles sem contato visual”, conta Lara sobre o fato que aconteceu na úlima terça-feira (2). 

A mãe explicou para a atendente que as crianças, por serem autistas, têm uma forma de serem tratadas e que ela ficaria ali para lidar com os meninos. “Ela me disse então que eu não poderia ficar com os dois ao mesmo tempo no parque, como eles eram autistas elas não podiam tocar neles, que eu deveria deixar um no canto enquanto o outro brincava e depois revezar. Se eu não falasse, ela nem saberia", conta. 

“Mas tudo isso foi dito em tom altivo e irônico, como se eu não soubesse os direitos de meus filhos, e eu tendo a certeza que não sabem mesmo lidar com autistas, ou não me fariam uma proposta absurda dessas. Foi quando eu disse que era discriminação e iria procurar a segurança do shopping, já que elas falaram que não havia nenhum gerente ou superior para me atender”. 

No entanto, o que era para ser um auxílio piorou a situação. “Quando pedi ajuda ao segurança que estava próximo da escada rolante, ele foi bastante grosseiro e me tratou tão igual ou pior que as atendentes do parque dizendo que elas não têm superior não, que tinha que resolver ali mesmo, gesticulando com a cabeça e desdenhando a mim e a meus filhos. Resumindo foi grande o meu abalo emocional ter que tirar meus filhos do parque, fora o constrangimento muito grande pois me senti impotente diante daquela situação que para mim fora uma novidade, eu sei que o preconceito velado existe, mas hoje foi explícito mesmo e foi também doloroso eu ter que tirar meus filhos do parque e eles chorando querendo brincar na piscina de bolinhas”, narra. 

A situação foi exposta no grupo 'Aonde Não ir em Campo Grande', no Facebook, onde ela recebeu apoio de várias pessoas que também que se indignaram com o fato ocorrido. Segundo a mãe a administração do Shopping atendeu a reclamação dela, porém não foi feito nenhum livro de ocorrência ou algo por escrito. 

“Pediram que eu enviasse um e-mail e só, mas acredito que temos que falar sobre o assunto, para que as pessoas entendam o que é inclusão”, alerta. 

Outro lado

Em nota, o Shopping Bosque dos Ipês s e posicionou da seguinte maneira: "O Shopping Bosque dos Ipês lamenta o ocorrido na tarde desta terça-feira (2) e está acompanhando o caso de perto. A reclamação foi repassada para os responsáveis da empresa terceirizada e tudo já está sendo apurado e todas as ações cabíveis serão tomadas. O Shopping repudia toda e qualquer forma de preconceito e reforça o compromisso com a inclusão social, já que o shopping é acessível para todos".