28/12/2017 17:00
Retrospectiva: Bebê do ano, Yago batalhou pela vida e se tornou o 'guerreiro' de MS
Yago nasceu da mãe com morte cerebral, pegou bactéria, passou por cirurgia e hoje vive nos 'braços da família'
Yago Souza Sodré de Noronha é um dos exemplos de batalha pela vida de 2017. Ele é fruto do amor de Eduardo de Noronha, 25 anos, com a jovem Renata Sodré, que faleceu aos 22 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ele é protagonista de um caso inédito em Campo Grande, já que Renata foi mantida em aparelhos até o parto, que aconteceu no dia 31 de março.
O prematuro chegou ao mundo se despedindo da mãe, que foi enterrada no dia do nascimento da criança. Com dois dias de vida, pesando 1 quilo e 50 gramas, o pequeno contraiu uma bactéria, deixando os familiares em pânico. Os médicos conseguiram estabilizar a situação do bebê, que continuou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neo Natal da Santa Casa.
De acordo com o hospital, no mês de maio, o pequeno passou por procedimento cirúrgico de correção da artéria que irriga o pulmão, devido a uma má formação. Com sol ou chuva, os familiares sempre estavam ao lado de Yago nos horários permitidos pela equipe médica.
Médicos, enfermeiros, técnicos e toda a equipe da Santa Casa se uniram e se dedicaram diariamente para a recuperação do prematuro. Um laço de amor e carinho foi criado entre os profissionais e o pequeno. Em agosto, ao completar cinco meses de vida, ele foi transferido da UTI para a UI (Unidade Intermediária) ao atingir 1.685 kg e passou a ter, conforme o neurologista Walter Perez, um contato maior com a família, que começou a segurar por mais tempo o bebê nos braços.
Os profissionais começaram a se dedicar para que Yago deixasse de respirar com a ajuda de aparelhos, aprendesse a mamar sozinho para atingir o peso necessário e ir para o aconchego do lar. Após seis meses de hospital, o médico Walter Perez, a intensivista Patrícia Berg Leal e a neonatologista Claúdia Guimarães entregaram o pequeno aos braços dos familiares, com a tão sonhada alta. Ele deixou o hospital com 50 cm, pesando 3kg.
Primeiros dias em Casa
A vovó Adriana de Souza, que hoje cuida como uma mãe do pequeno, afirmou ao TopMídiaNews que os primeiros dias de Yago em casa foram tranquilos, pois o prematuro não estranhou o ambiente e tem longas noites de sono. “Ele não estranhou, dormiu a noite
A braveza de Yago fez a vovó levar um grande susto, pois no momento em que dava medicação para o neto, Adriana relembra que ele tentou sugar a seringa após engolir o líquido como se fosse a mamadeira e, como a vovó tirou da boca dele, impedindo a sucção, Yago ficou irritado.
“Ele ficou bravo, chorou muito e engasgou com o leite. Tirei da boquinha dele porque já tinha engolido, daí ele ficou bravo, chorou e engasgou com o leite. Eu vi ele roxinho e sai correndo na rua, pedi ajuda para um rapaz que passava de carro e fomos para a UPA Tiradentes. O rapaz não era daqui, ele não sabia andar direito, mas me ajudou e levou a gente para o UPA Tiradentes. Lá os médicos conseguiram fazer ele voltar, graças a Deus. Em casa, os outros netos estão enciumados porque agora minha atenção está voltada para ele, mas eu amo todos os meus netos demais”, conta a Vovó.
Relação com o pai
De acordo com a avó, o pai de Yago está em um chamego só com o filhão. “Ele chega do trabalho, toma banho e já pega o Yago, daí eu fico mais tranquila. Ele fica com ele no colo o tempo todo, conversa, dá carinho, é um chamego só”.
Ela explica que se despediu da filha, mas ganhou dois filhos, Yago e Eduardo. “Eu perdi ela, mas agora tenho dois filhos aqui comigo. O Eduardo mora aqui comigo, ele fica o tempo todo com ele no colo. Graças a Deus temos uma relação muito boa, uma relação de família. Mas na hora de dormir, o Yago dorme comigo, eu fico cuidando se ele está bem, se está respirando, levanto para dar o remédio para ele”.
Saudades da filha
Ao relembrar dos momentos com a filha, Adriana destaca que Renata sempre brincava que a mãe cuidaria de seu filho e, no final, ela tinha razão. “Ela brincava muito falando que eu ia cuidar, eu falava não vou cuidar não, já cuidei dos meus filhos, não vou cuidar de neto. Ela era muito agarrada em mim, carinhosa, mas infelizmente perdi ela”.
Ela acredita que Yago veio para ajudar na superação e na saudade que só aumenta. “Se não tivesse o Yago eu acho que não aguentava não. Ela foi embora, mas deixou ele de presente, graças a Deus que tenho ele, sem ele, não sei como seria. Tenho muitas saudades da minha filha, a dor da perda é muito dolorida”.
De acordo com Adriana, Yago tem os traços da mãe e o gênio forte. “Ele é bravo que nem ela, tem personalidade forte. Ela era assim, às vezes eu olho ele e lembro muito dela”.
Amor da equipe médica
Adriana explica que, após deixar o hospital, Yago continua sendo o xodó dos profissionais da Santa Casa. “Eles ligam, mandam mensagem querendo saber dele. Estão sempre perguntando se está tudo bem. O pessoal mandou mensagem esses dias perguntando, falei que estava bem, daí pediram foto dele. Eles ficam com saudade, isso é muito bom, ele é muito querido.
Conforme a Vovó, Yago será acompanhado até os 17 anos de vida. “Ele tem médico até os 17 anos de vida. Agora tem dentista também. Graças a Deus ganhamos bastante coisa, as pessoas nos ajudam bastante e eu sou muito grata a todos por isso”.
Sem condições de comemorar o primeiro aninho de vida de Yago, Adriana conta com sorriso no rosto, que algumas pessoas já ligaram para a família e já começam a se organizar para comemorar o aniversário do pequeno. “Ligaram aqui e falaram que estão conversando com colabores para fazer a festinha dele. Não íamos fazer porque não temos condições, mas agora ele vai ter a festinha dele e ficamos muito felizes”.