há 7 anos
PF investiga pai e filho por atuarem como ‘laranjas’ de família de Puccinelli
Jodascil Gonçalves e Jodascil Silva teriam atuado para garantir o pagamento de propinas para o político
A prisão do advogado e professor universitário Jodascil Gonçalves Lopes na Papiros de Lama, 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, está ligada a um trabalho em família para beneficiar o ex-governador André Puccinelli (PMDB), segundo a Polícia Federal. Ele e o pai, Jodascil da Silva Lopes, teriam atuado para garantir o pagamento de propinas para o político.
De acordo com a PF (Polícia Federal), Jodascil da Silva era coordenador de administração e apoio escolar na SED (Secretaria de Estado de Educação) durante a gestão peemedebista. Seria ele o responsável por fraudar os documentos que garantiram a compra, sem licitação, dos livros Caco e Tosco da Gráfica Alvorada, alvo de outras fases da investigação.
Ele teria induzido os pareceres técnicos de professores que atuavam na secretaria de forma a deixar implícito que apenas a Gráfica Alvorada tinha o material para abordar os temas propostas nos parâmetros curriculares, o que não tinha o respaldo dos profissionais consultados pela PF.
“Na época foi apresentado um único livro para análise, de forma que os pareceres que assinaram dizem respeito apenas aos livros da Gráfica Alvorada, não havendo qualquer referência a inviabilidade de competição, não sendo possível afirmar que há apenas uma empresa que atendia às necessidades da administração pública, pois não houve um estudo comparativo com quaisquer outros livros”, aponta a PF.
Filho do servidor comissionado, o advogado Jodascil Gonçalves teria atuado como ‘laranja’ de André Puccinelli e de André Puccinelli Junior, intermediando a compra de livros jurídicos pela concessionária Águas Guariroba. Segundo a PF, os rendimentos que o advogado declarou à Receita Federal não batiam com a sua movimentação financeira, além de outras coincidências.
Sócio do Instituto Ícone, Jodascil Gonçalves recebeu, por exemplo, parte dos livros comprados pela Águas Guariroba, o que agravou as suspeita da PF. Para os investigadores, não faz sentido uma concessionária de água adquirir tantos livros jurídicos e faz menos sentido ainda entregar parte desses livros para um dos sócios da empresa que recebia os lucros da compra.
“Em 2013 e 2014, a Águas Guariroba adquiriu, junto à Editora Saraiva, livros do filho do então Governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli no valor total de R$ 326.323,86, sendo que parte desses livros foi repassada a Jodascil Gonçalves, tratando-se possivelmente de pagamento de propina, pois não se vislumbra motivo para a aquisição de tantos livros de direito por uma concessionária do serviço de fornecimento de água”, finaliza a PF.