03/10/2017 09:10
Coreógrafo foi denunciado por estupro e teria embebedado cunhada adolescente para práticas sexuais
Vítimas tomaram coragem de denunciar após bailarina postar desabafo contra Tom Brasil na internet
A mãe de uma adolescente de 17 anos também denunciou o coreógrafo Tom Brasil por estupro. Ela fez boletim de ocorrência quando o fato aconteceu com sua filha e enviou para a reportagem uma foto do registro policial. O caso veio à tona após o relato da bailarina Cissa Nogueira de que teria sofrido abusos físicos e psicológicos do professor de dança enquanto fazia parte da companhia de dança de Ewerton Cesar Ferriol Icasati.
“Minha filha tinha o sonho de dançar e começou a ir na companhia de dança dele no União dos Sargentos. Ela era bolsista lá. Um dia ela resolveu sair, mudou o comportamento. Fiquei sem saber o motivo”, conta a mãe da menina que prefere não dar o nome da filha, que ainda é menor.
Tempo depois, a melhor amiga da filha contou para a mãe que a menina tinha sido abusada sexualmente por Tom Brasil. “Ela se abriu com uma amiga e a amiga contou para a mãe. A mãe, lógico, me contou na hora que soube do fato. Eu fui para a delegacia e denunciei ele, mas a polícia só dizia que tinha que aguardar”, conta indignada.
Segundo a mãe da adolescente, o abuso aconteceu em uma sala no clube União dos Sargentos e, conforme consta no registro policial, apesar de pedir para o professor parar, ele continuou. “Ela ficou envergonhada de me contar, era virgem e tinha o sonho de dançar. Não continuou na companhia e esse monstro não sofreu nada”.
A família passou então a receber ameaças. “Ele dizia que era filho de coronel, filho de gente importante, era ligado a políticos. Ligava no celular do meu marido e ameaçava. Só parou quando fizemos uma nova denúncia por ameaça”, narra também enviando cópia do registro de ocorrência, que também não “deu em nada”, segundo a família.
Bebedeira e sexo a três
Aos 17 anos, Danielle foi morar com a irmã, que era casada com Ewerton. Vindo do interior de São Paulo onde não existiam academias de dança nem possibilidades de realizar o sonho de “ser bailarina”, ela então veio para a Capital.
“Iniciei na escola dele com 17 anos. Fiquei três anos lá, era meu sonho dançar, pois me dediquei ao máximo que pude. Então o Tom foi me dizendo que eu tinha o que ele precisava. Foi quando ele veio com conversinhas para o meu lado falando que eu ia ser uma dançarina de sucesso, que ele ia me levar pra conhecer os melhores dançarino do Rio de Janeiro, São Paulo e do Brasil todo”, relembra ela sobre o sonho que virou pesadelo.
Tudo começou a mudar quando ela foi levada para um evento. “Até que teve uma noite que ele me levou em um baile com outra dançarina. Me deu muita tequila para beber e, como eu não bebia, fiquei bêbada. Isso mesmo bêbada, tanto eu como ela”, conta com ênfase para se fazer entender que acabou ficando fora de si devido ao estado alcoólico.
“Então ele levou eu e essa dançarina para o motel, onde fez eu e ela ficar”, conta envergonhada. Em respeito a vítima, não colocaremos os detalhes para que ela não se envergonhe.
O inferno teria ficado pior, já que ela morava na casa do então cunhado. “Depois disso, nunca mais tive paz, pois ele fez eu ter relação com ele e com todas as dançarina do grupo, todas mesmo. E quando eu não fazia, ele simplesmente me tirava da coreografia e me batia. Sofri as piores coisas da minha vida com esse cara. Foram três anos de tortura, três anos de sofrimento”, narra entre lágrimas.
Quando negava ter relações com Tom, Danielle era agredida. Ela acusa, inclusive, a atual mulher de Tom de saber o que ocorria. “Teve uma vez que eu não quis fazer sexo com ele e com a atual mulher dele, e ele me empurrou da escada aonde cai de cabeça e perdi o sentido. Isso foi em Três Lagoas, quando viajamos para fazer show. Foram muitas coisas que aconteceram”.
Em tom de melancolia, a jovem diz ter superado vivendo longe da Capital devido ao medo. “Eu morava com ele. Ninguém sabia de nada, era ameaçada, dizia que ninguém ia acreditar em mim. E hoje, perdi meu sonho de dançar por causa desse verme, desse cara com quem trabalhei durante três anos e nunca recebi um real e sim muitas humilhações”, lamenta.
Mais vítimas
As duas vítimas criaram coragem após a bailarina Cissa Nogueira postar um desabafo no Facebook, onde acusou o coreógrafo de abuso sexual e psicológico.
Ewerton rebateu e fez boletim de ocorrência por calúnia e difamação contra Cissa, que se disse tranquila, pois sabe que existem outras vítimas. “Fui procurada por várias meninas que parabenizaram minha coragem. Responder um processo é o de menos, estou com a alma leve”, disse aliviada.