Enquanto muitas pessoas discutem a ‘cura gay’, Débora Magalhães, 39 anos e Luzinete Rodrigues, 35 anos, provam que não necessitam de nenhum tratamento quando o que importa é a felicidade e o amor que existem entre o casal. Apaixonadas, elas se vestiram de noiva e foram ao altar no último domingo (24), durante uma cerimônia especial que reuniu amigos e familiares.

A mãe de Débora, Teresinha Pereira Magalhães, 81 anos, levou as alianças e abençoou o casal, que chama carinhosamente de ‘minhas filhas’. “Eu sei que o que importa acima de tudo é o amor. Quando ela me falou que queria se casar com a Lu, eu fiquei um pouco assustada, mas depois, vi que elas estavam tão felizes, que eu apoiei e estou aqui hoje, muito feliz por ver as minhas filhas felizes. A Lu é uma filha para mim e eu amo meus filhos desde o dedão do pé até o último fio de cabelo”.

Católica declarada, dona Teresinha afirma que as pessoas têm o livre arbítrio para amar e critica a Cura Gay. “As pessoas são livres e tem o direito de amar quem elas quiserem, seja homem ou mulher. Esse negócio de cura gay não tem nada a ver, as pessoas não são doentes por amar, ao contrário, está aí a prova de que elas estão bem porque estão amando”.

Débora e Luzinete foram levadas até o altar pelo filho de Débora, João Vitor Magalhães, 21 anos. O rapaz afirmou ao TopMídiaNews que tinha 11 anos quando a mãe contou durante uma conversa que estava se relacionando com mulheres. “No começou eu não sabia, depois minha mãe veio falar comigo, mas como eu era muito novo eu não entendia muito bem, mas hoje eu entendo e sei que acima de tudo o que vale é o amor. Elas estão muito felizes e isso que importa para nossa família. Tenho uma relação muito boa com a Lu, ela é uma pessoa amigável, que coloca o respeito acima de tudo”.

A nora de Débora, Luana Lorayne, 21 anos, destaca que a relação familiar com o casal é de felicidade e união. “Elas são maravilhosas, sempre fui muito bem recebida pelas duas, minha sogra é maravilhosa e essa é a semana mais feliz da vida delas. Estão muito felizes e lindas”.

Os familiares de Luzinete também  estavam emocionados na cerimônia e Murilo Henrique, 9 anos, era o mais ansioso da turma. Ele é afilhado de Luzinete e disse que deu um pulinho na sala de maquiagem, garantindo que a madrinha estava mais linda do que nunca. “Ela está linda, muito linda. Ela é uma pessoa muito legal. Não faz diferença nenhuma ela estar casando com uma mulher porque ela está muito feliz”.

A mãe de Murilo, Tatiana Barbosa Gonçalves, 38 anos, totalmente emocionada ao caminhar pela chácara decorada pelo casal destaca que as lágrimas escorrem pelo dia especial na vida da comadre. “É um dia muito especial para ela e para nós também. Ficamos surpresos quando ela disse que iria se casar, mas amamos a ideia e hoje estamos aqui, para abraçar e apoiar ela. Estamos sempre perto, procuramos sempre estar com ela”.

O tio, Adauto Correia Simões, 42 anos, contou que veio de Camapuã para apoiar a sobrinha em um dos momentos mais importantes de sua vida. “Viemos de Camapuã para acompanhar ela nesse momento importante. Ela está feliz e estamos felizes por ela. O Murilo é afilhado dela, ele é apaixonado por ela, os dois tem uma ligação muito forte e viemos aqui dar um abraço nela”.

Emocionada, Débora relembrou o momento em que experimentou pela primeira vez o vestido de noiva. “Eu estava indo ver ela em Camapuã, já éramos noivas, ai eu passei em uma loja e decidi entrar. Eu sempre tive esse sonho de casar vestida de noiva. Ela me ligou para saber onde eu estava, falei que estava experimentando meu vestido de noiva, ela brincou dizendo com quem eu iria me casar, eu falei com você. Em seguida ela disse sim. A festa é humilde, mas tudo foi elaborado por nós, cada detalhe da festa escolhemos do nosso jeitinho”.

Luzinete explica que disse para Débora que casaria com ela, mas gostaria de vestir algo simples no dia da cerimônia. “Eu falei para ela que casava sim, mas tinha que ser um vestido simples, mas parecido comigo. Quando vesti, eu chorei, não me sentia ali, mas depois foi tranquilo e estamos aqui para realizar o sonho que ela sempre teve. A última coisa que compramos foram as alianças”.

Os padrinhos entraram na cerimônia ao som da música “Trem Bala”, seguido das noivas acompanhadas de João Vitor. Ao chegar na entrada do altar, João deu um beijo no rosto de cada uma e entrelaçou as mãos das noivas, que seguiram para o altar. Após chegar na frente da cerimonialista, a mãe de Débora entrou e deu as alianças para as filhas do coração.