Política

24/08/2017 09:30

Vídeo: Vereadora de MS chama homossexuais de 'abominação' e fora do 'costume natural'

Discurso causa polêmica e pode ser, inclusive, enquadrado como crime de homofobia

24/08/2017 às 09:30 | Atualizado Liziane Berrocal e Vinícius Squinelo
Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Rio Brilhante

A vereadora Juraci Souza Silva, do PSC de Rio Brilhante, 161 quilômetros distante de Campo Grande, causou polêmica ao se posicionar contra o “Dia Municipal de Combate a Homofobia”. Ela usou a tribuna para atacar homossexuais, mesmo avisando que não tem 'nada contra quem pratica [é homossexual]'. Ela usou a bíblia como 'defesa' no discurso, feito publicamente em sessão da Câmara Municipal da cidade;

"Não sou contra as pessoas que se utilizam dessa prática. Eu sou contra aquilo que a bíblia me refere, como palavra de Deus”.  O projeto foi uma proposição do vereador Sergio Lopes da Silva, à pedido da comunidade LGBT (Lébiscas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) do município, que tem aproximadamente 35 mil habitantes. 

Segundo a vereadora, se o defensor do projeto estaria lá “defendendo três mil pessoas”, ela também estava defendendo pessoas que são contra quem 'pratica'. Contraditoriamente, ela disse que não é contra as pessoas, mas “a prática”. 

Vereadora no sexto mandato, Juraci mandou as pessoas se elegerem ao invés de mandar ela sair do cargo. “São atitudes de pessoas frustradas, que não conseguem absorver um posicionamento, um pensamento contrário”, disse aos gays. 

Com o discurso de que tem “amigos do grupo”, sem falar a palavra homossexual, ela diz que se os gays estão defendendo a “classe deles”, ela está defendendo a bíblia. 

“Qual é a idealogia (sic) que eu defendo? Eu defendo a idealogia (sic) daquilo que eu acredito. E a bíblia é muito clara quando diz que o homem não se deite com homem, é abominação”, aponta citando versículos bíblicos para sustentar seu discurso. O discurso foi reproduzido na íntegra pela reportagem, inclusive com os erros de português.

Para Juraci, a “prática homossexual é deixar o costume natural”. Ela acusou de que o movimento estaria incentivando crianças a serem gays. “É gay porque nem sabe porque é gay”, afirmou sobre um menino de 12 anos que teria conversado com ela. Chamando a homossexualidade de desvio de comportamento, ela diz que não aceita a prática, apesar de garantir que respeita. “Jesus ama mesmo as pessoas, só que a prática das pessoas? A bíblia diz que Deus entrega as pessoas a prática de suas próprias paixões, entrega, e as pessoas recebem em si mesmo o prejuízo de seus feitos”. 

Veja o discurso:

“Nada, eu não estou aqui para jogar pedra em homossexual. Mas não estou aqui para ficar calada, e não é meu voto que o projeto não será votado. Só eu votei contrário. E quando conversei com uma pessoa também, a respeito de tudo que foi postado na rede social. A pessoa falou que ela acredita que a família é instituição de Deus, e quando Deus criou, Deus criou o homem e a mulher”, disse ela afirmando que o eleitor pediu para que ela defenda esse posicionamento. 

Para a parlamentar, as regras seguidas devem ser as bíblicas. “Se a bíblia é a palavra de Deus e ela é meu livro de prática de fé, é nela que eu acredito e é ela que eu vou defender até o final do meu mandato”, finalizou. 

Polêmica e apoio

O posicionamento causou polêmica, mas recebeu muito mais apoio em sua rede pessoal. A maioria dos comentários era de pessoas evangélicas como ela, que também tomaram o posicionamento bíblico para defendê-la. 

Entre os que "ousaram" rebater, o tom foi de esclarecimento. Gabriel Rodrigues, por exemplo, fez questão de esclarecer. “Primeiramente ninguém escolhe ser gay,  lésbica ou transexual. Ninguém escolhe sofrer preconceito, ninguém quer ter que ter medo de apanhar na rua por ser diferente. Nós não estamos contra a família como diz,  nós só queremos a liberdade de amar quem quisermos sem ter que ser apontado ou discriminado, pois como a senhora mesmo diz na Bíblia tem muitas coisas e principalmente o livre arbítrio”, rebateu.