Cidades

14/08/2017 15:38

'Na hora de fazer tava bom né': mulheres falam sobre tratamento recebido durante o parto

Com casos cada vez mais frequentes, violência obstétrica é tema de debate na Capital

14/08/2017 às 15:38 | Atualizado Liziane Berrocal

“Na hora de fazer estava gostoso né?”. “Para de piti, ano que você está aqui de novo”. “Abre as pernas de novo, abriu para entrar, abre para sair”. “Uai, quis ser mãe depois de velha, dá nisso”. “É só um corte, não precisa de anestesia. Você já aguentou coisas maiores”. Essas são apenas algumas das frases que muitas mulheres já ouviram quando estavam sentindo as dores do parto.

Semanalmente o TopMídiaNews noticia casos de violência obstétrica em nosso Estado. Alguns, terminam de maneira trágica com morte de bebês ou das mães, e quando não acontece isso, o trauma fica para muitas mães. O tema, tão delicado, será motivo de debate nesta segunda-feira (14) na Capital.

Uma audiência pública debaterá o assunto na Câmara Municipal, no plenário Edroin Reverdito, a partir das 19h. Além disso, há um projeto de lei em tramitação na Casa de Leis para que sejam implantadas medidas de informação e proteção a gestante e parturiente.

A proposta do vereador Odilon de Oliveira (PDT) é que sejam distribuídas cartilhas com informações sobre a questão de violência obstétrica. “Existem muitas mulheres que sofrem esse tipo de hostilidade sem saber que isso de fato ocorreu, por isso é importante que as pessoas tenham acesso à informação e possam exigir um parto humanizado”, esclarece o parlamentar sobre a proposição.

Na Capital, após ser vítima de violência obstétrica a psicóloga Mariksa Ungerer, resolveu fundar o grupo “Papo de Gaia”. Há cinco anos, ela relata que sofreu uma violência obstétrica quando não deram a opção de escolher entre parto normal ou cesárea.

“Por parecer da minha obstetra eu passei por cesárea eletiva, e minha filha ao nascer foi afastada de mim, não houve contato pele a pele, ela não mamou e ficou afastada enquanto eu me recuperava”, conta. Ainda relembra que sua vontade era só de chorar, “por mais ou menos 2h ou mais ficamos afastadas do meu marido. E enquanto eu me recuperava, fui ofendida várias vezes pela equipe de enfermeiras e até maqueiro”.

Entre os assuntos a serem debatidos estão as condutas violentas que merecem maior destaque, as quais contribuem diretamente para as causas de mortalidade materna, são: Episiotomia, Manobra de Kristeller, Cirurgia Cesariana Desnecessária e Falta de Atendimento no Abortamento.

Estatísticas assustam

De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo 25% das mulheres que tiveram filhos pelas vias naturais na rede pública e privada sofreram violência obstétrica no Brasil,

A pesquisa se restringiu aos casos de parto normal, mas a violência também pode acontecer em uma cesárea. Os abusos mais citados pelas mulheres no levantamento foram ações como negar ou deixar de oferecer algum alívio para a dor. A mulher ou família ficar sem informações sobre qual procedimento médico será realizado, não atender a paciente e casos de agressões verbais ou até mesmo físicas por parte dos profissionais de saúde.

Serviço

A audiência pública acontecerá hoje (14) a partir das 19h na Câmara Municipal de Campo Grande no Plenário Edroin Reverdito, na Avenida Ricardo Brandão, 1600.