06/06/2017 09:30
Professora fala que 'todo gordo é feio, doente' e causa revolta em Campo Grande
Para vender produtos de emagrecimento, ela rechaça pessoas "fora do padrão"
A professora de artes Daniele Santana Gomes causou revolta na internet após postagem dizendo que se o “padrão de beleza” fosse pessoas gordas 'a civilização estaria extinta'. Ela, que se autodenomina “coach em nutrição” por vender Herbalife, diz que ser gordo é “feio”, insinuando que todos os gordos são doentes.
A postagem, com vários erros de ortografia, gerou uma chuva de comentários contrários à professora. Com frases dizendo que cardiologistas estariam rejeitando pacientes obesos e que ser “nutricionista não quer dizer nada”, pois, para ela, o “nutricionista é curandeiro de nutrólogo”, a professora diz que tem o direito à livre expressão.
“Gente é isso mesmo. Minha intensão não é agradar, é incomodar rsrsr Ser gorda não e saudável não e bonito e pronto. Já começa pelo nome que é discriminatório para quem se diz ser. As pessoas brincam demais com essa questão justificada pela dita inclusão. Adianta incluir pra depois morrer de uma doença causada pela boca? e já dizia hipocrates que todas elas começam pela boca. Vou continuar batendo de frente e polemizando porque se padrão de beleza fosse obesidade não existiria mais civilização”. (SIC)
Quando contestada nos comentários que ela estaria sendo preconceituosa, Daniele continua se colocando como uma especialista em nutrição e que, para ela, a obesidade é algo que vai destruir a humanidade.
Em contato com a professora, seu posicionamento foi culpar a mídia pela “epidemia” da obesidade. “O preconceito está dentro da própria classe. E estamos sofrendo uma epidemia de obesidade influenciada pela mídia indústria de consumo dentre outros fatores”, diz ela sem explicar qual classe estaria falando.
Questionada sobre o fato de que dá aulas para crianças, a professora afirmou que era uma opinião dela. "É uma opinião de beleza que varia de pessoa para pessoa. Livre expressão”, afirma.
Para ela, esse tipo de comportamento e bullying não afetam em nada as crianças. “Não é bullying e pra pessoas que estão tão bem consigo próprias não vai ser o bullying de uma pessoa sem inteligência que vai afetar os obesos”, acredita.
Nas postagens, a professora afirma que utiliza a ironia para educar. “Estude se informe, de preferência leia livros que falem do assunto e entenda a fundamentação que utilizo principalmente para fazer da ironia uma forma de educar para a saúde e bem-estar”.
Influência?
Entre os internautas, a contestação foi pelo fato da professora rotular pessoas. “Uma professora, acadêmica de nutrição dizendo isso? Parece-me que você está mais preocupada em rotular as pessoas do que orienta-las para uma alimentação/vida saudável. Aproveite melhor sua vivência para informar as pessoas, conduzi-las a um caminho que você acredita ser eficaz e salutar. Não é necessário desmerecer a ninguém pelo peso corporal, pelo que ela come, frita ou assa. 'Se obesidade fosse padrão de beleza não haveria civilização'. Mas desde quando a corpolatria é sinônimo de uma sociedade equilibrada?”, questionou Rafael Valente.
“A minha preocupação é que tenho tanto um filho como alunos na puberdade, incapazes de aceitar as mudanças em suas formas e o aumento do grau de gordura corporal, muitas meninas se entregam a dietas de emagrecimento, às vezes até dificultando ou impedindo o processo metabólico natural que levará à menarca. O impacto em suas vidas varia de problemas com autoestima e insatisfação duradoura com seu corpo, passando pelo desenvolvimento de distúrbios alimentares e anorexia, podendo chegar à morte”, comentou Gisele Alves que também foi prontamente rechaçada pela educadora.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação, que está buscando um posicionamento sobre o fato. Não foi possível contato com a Herbalife, empresa que a professora diz representar.