Política

02/06/2017 13:15

Vereador que pediu impeachment de Reinaldo reclama de falta de provas contra Zeca do PT

Para parlamentar, delatores da JBS foram 'seletivos' nas denúncias entregues à PGR

02/06/2017 às 13:15 | Atualizado Rodson Willyams
André de Abreu / Arquivo

O vereador Vinicius Siqueira, do DEM, denunciou que os sócios da JBS, Wesley e Joesley Batista, ofereceram poucas denúncias contra o ex-governador Zeca do PT. O parlamentar reclama que os irmãos descreveram informações detalhadas contra os demais partidos, mas pouco falaram contra o PT.

"O Joesley falou, mas disse que não se lembrava ou não tinha precisão. Creio que essas denúncias foram bem seletivas. Ele não contou nada sobre o PT, o que foi uma pena", explicou.

O democrata afirmou que apresentou o pedido contra o atual governador Reinaldo Azambuja, do PSDB, porque havia 'todo um conjunto probatório que estava fácil para rastrear'. "Tinham notas e isso têm como ser investigado".

Sobre Zeca, o parlamentar diz que a situação é diferente. "No caso dele, poderia ser uma denúncia junto ao Conselho de Ética da Câmara Federal, mas há pouca prova e as que estão aí não são suficientes. Creio, nestes casos, caberia apenas juridicamente".

Denúncia contra Zeca

Em depoimento para a PGR (Procuradoria-Geral da República), o empresário Wesley Mendonça Batista, um dos delatores da JBS, detalha esquema de pagamento de propinas em troca de incentivos fiscais que teria ocorrido em Mato Grosso do Sul. Segundo a confissão realizada em 4 de maio, o conluio começou com Zeca do PT, passando por André Puccinelli (PMDB) e Reinaldo Azambuja.

“Mato Grosso do Sul é um esquema de benefícios fiscais para a redução da alíquota do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Esse esquema começou quando o Zeca do PT foi eleito, não me recordo a data, no início de 2000 por aí, se não me falha a memória. Começou com ele esse esquema conosco, de pagamento de propina em troca de redução da alíquota do ICMS no Estado”, declara.

Wesley afirma que, na época de Zeca, as negociações eram intermediadas pelo empresário Joesley Batista, o delator que gravou conversas constrangedoras com o presidente Michel Temer (PMDB), com o senador Aécio Neves (PSDB) e também com o deputado federal paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB).

“Em 2003, foi acertado 20% do beneficio de redução de ICMS. Como é um fato de 2003 não temos mais os registros de quanto foi pago de propina. Não temos a forma, se foi pago em dinheiro e tal, deste período do Zeca. Em 2010, nós fizemos pagamento para o Zeca, que ele não era mais governador, era candidato se não me engano a deputado”, afirma.

De acordo com Wesley, Zeca recebeu R$ 3 milhões da JBS. O então candidato ao governo do Estado teria viajado a São Paulo para pegar o dinheiro em mãos diretamente de Florisvaldo Caetano de Oliveira, outro dos sócios do Grupo J&F. Ao todo, o petista teria recebido R$ 1 milhão através de doações oficiais e R$ 2 milhões de caixa dois.

Os pagamentos ilegais continuaram nos governos de André Puccinelli e de Reinaldo Azambuja, segundo o delator.