26/04/2017 07:00
Médica chama dor de paciente de 'frescura' e bebê cai no chão ao nascer na Santa Casa
Hospital confirma situação e apura o caso
A família de Vanessa Arruda denunciou uma médica da Santa Casa por violência obstétrica durante o parto, realizado no início deste mês na Santa Casa de Campo Grande. A denúncia por enquanto foi formalizada na própria instituição, porém será levada também à Justiça. “Estamos só aguardando o prontuário dela, que já pedimos na Santa Casa, mas que agora querem pelo menos trinta dias para entregarem”, relata a irmã da vítima.
Segundo ela, o descaso começou quando a irmã começou a dar à luz no dia 2 de abril. “Internei minha irmã no dia 1 para fazer uma ultrassom solicitada pelo doutor Loester, aí a plantonista da manhã falou que não precisava de outro exame e que iria fazer a indução do parto que começou por volta das 13h. Quando foi por volta das 20h deram mais um comprimido indutor e a dor começou a aumentar e também começaram a chegar mais pacientes”, conta Soila, irmã de Vanessa.
“Aí, a Vanessa começou a reclamar de dor, quando pedi a presença da médica que reclamou que estava muito cheio na triagem e que logo iria vir, porém só veio as duas e meia da madrugada e fez a indução do terceiro comprimido e disse, bem ríspida para minha irmã, que era para ela levantar e andar que ainda não estava na hora, e obedecemos”.
Soila conta que aí piorou tudo para a irmã. “Ela gritava que estava nascendo e a médica falava: ‘Para de frescura Vanessa, nem tá doendo tanto assim, acabei de fazer um parto de uma adolescente que não fez tanto escândalo’. Ela ainda mandou uma enfermeira preparar o parto.
De acordo ainda com o relato da família, nesse momento a enfermeira olhou para ela e mandou que ela vestisse a irmã que saiu andando sozinha pelo corredor. “Quando ela foi entrar na sala de parto, uma outra pessoa da enfermagem barrou ela e falou que ela não podia entrar ali na sala de parto, foi nesse momento que ela gritou mais falando que a bebê estava nascendo e a médica ficou mexendo no celular, sem dar nenhuma assistência quando a minha sobrinha nasceu, no meio do corredor e caiu no chão, na frente de outras pacientes”, relata.
“Só aí a médica levantou e saiu correndo, entrou em outra sala com a minha sobrinha e deixou minha irmã no meio do sangue quando finalmente vieram, colocaram minha irmã na maca para retirar a placenta e apareceu então outro médico que eu nem sabia que estava de plantão”, afirma.
Exame
A paciente então tomou banho com o auxílio da irmã quando após um período apareceu um pediatra. “Ele me chamou e mostrou a bebê, dizendo que estava tudo bem, que não teria caído pois teria ficado pendurado pelo cordão umbilical e eu falei que não era para me subestimar, porque eu tinha visto a cena e ele não estava lá na hora”, reclamou.
A partir daí, mãe e filha começaram então a receberem a assistência. “Só aí ele falou que iam ser feitos vários exames para ver se estava tudo bem”. Com o trauma a mulher ficou bastante afetada o pós parto.
“Agora, vamos sim procurar a justiça, denunciar a médica, porque é uma violência, minha sobrinha poderia ter morrido e minha irmã também, nunca mais vou esquecer aquela cena”, relembra. A criança foi novamente ao pediatra pois apresenta um "caroço" na cabeça.
A denúncia chegou até a Santa Casa da Capital por meio da ouvidoria e a assessoria de imprensa em nota retorno informou que o caso será investigado. Segundo a nota, a paciente teve 6 cm de dilatação constatado ao toque quando foi solicitado de imediato remanejamento para o Cento Obstétrico.
“Ao sair do consultório a paciente fez um movimento de agachamento, expelindo o feto. A criança foi imediatamente atendida pelo pediatra de plantão que não constatou nada de grave, porém solicitou exames para descartar possíveis traumas”, pontuou a assessoria.
Quanto ao descaso por parte da médica, a informação é que “o caso é objeto de sindicância a partir da Ouvidoria do hospital para constatação ou não da ocorrência”. A médica não foi encontrada para falar sobre o assunto.