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há 7 anos

Em meio à operação, chefe de cozinha explica técnicas para identificar irregularidades em carnes

Dedê Cesco afirma que a coloração do produto e o odor são os pontos principais

25/03/2017 às 08:10 | Atualizado Dany Nascimento
Reprodução/Facebook

Ao tomar conhecimento das  irregularidades constatadas na produção da carne comercializada no Brasil, através da operação Carne Fraca, a chefe de cozinha Dedê Cesco afirmou ao TopMídiaNews, que o consumidor deve ter confiança absoluta no comércio de compra, já que tem permissão para verificar de onde vem o produto e quais os dias de abastecimento. De acordo com a chefe de cozinha, a observação na coloração da carne, pode evitar a compra de produtos adulterados.

"O importante primeiramente é ter fornecedor que é de sua absoluta confiança, no meu consumidor por exemplo, eu sei que dia chega a carne, qual o frigorífico, que fornece, isso é importante. Para observar irregularidades, eu dividiria assim, carne fresca e carne a vácuo. A carne fresca observa a coloração, ela tem que ter coloração viva, você sente isso, você olha e sente que a carne está viva, que é fresca, não é aquela carne sem brilho, ressecada, o odor tem que ser de carne fresca, eu por exemplo como carne mal passada, então tenho que ter certeza absoluta que o fornecedor oferece uma carne isenta de verminose", explica Dedê.

Porém, a chefe de cozinha destaca que a carne a vácuo muda a coloração ao ser retirada do plástico e o consumidor deve ficar atento a mudança de cor do produto, ao ter contato com o oxigênio. "Com relação a carne a vácuo é mais complicado, ela está dentro de um plástico, ela quando você abre, ela começa a ter contato com oxigênio, em um minuto ela tem que ter voltado a coloração, fica um pouco mais escura, mas ela volta ao normal no odor, no aspecto, no preparo ela tem que ter sabor de carne fresca, se não tiver, tem algum problema. E depende do frigorífico também, uns colocam 30 dias outros 40 dias e o acontece o mais absurdo de todos, que é colocar 90 dias. A carne a vácuo fica em uma temperatura de 0 a 7ºC, por mais que esteja a vácuo, quanto mais prolonga, mais chance de ser contaminada. Eu tenho preferência a carne fresca, em um fornecedor com confiança absoluta. Eu conheço frigorífico, sei que tem equipe de vigilância que cuida para que a carne oferecida não tenha sido contaminada, garante que o gado não passou por turbeculose".

Dedê ressalta que o odor  é o segundo ponto que deve ser analisado e a experiência na produção de carnes, também colabora para a identificação de irregularidades, já que para  não perder o produto, fornecedores acabam burlando a data de validade, sem se preocupar com a saúde dos consumidores.

"É importante observar no produto, além da data de validade, a questão do odor, que deve ter carne fresca. A pessoa já que já teve contato com carne, com a produção de carne, tem mais facilidade para identificar erros. E se for a vácuo, tem que ter muito mais experiência para saber, tem que ter consumido muita carne para ter essa consciência de em um minuto volta a coloração, tudo tem que ser adequado, além do prazo, se não for idôneo. A operação demonstra que o prazo era burlado. Vamos dizer assim, chega muitas carretas em um porto grande para exportar a carne, chega lá, equipe de veterinários olham e falam que não está adequada. Daí o frigorífico não vai querer ter prejuízo e manda para consumo interno do país", diz Dedê.

Questionada sobre carnes mais gordurosas enganarem o consumidor, Dedê afirma que é importante fritar pelo menos um pedaço da gordura, para verificar as condições. "Voltando para a carne a vácuo,  a gordura na carne a vácuo é mais fácil ficar rançosa. Exemplo, se no transporte do produto ela ficar acima de 0 a 7º C, se leva dez horas para ser transportada e caminhão teve problema, viajou várias horas com temperatura mais elevada, já compromete a qualidade. O problema da gordura é que fica rançosa mais fácil, tem que ver essa gordura, provar, fritar um pedaço, ver se está com aspecto de ranço, sem fritar, sem grelhar não percebe. A carne quando é de boa qualidade com gordura, tem que estar com odor agradável, aquele odor que abre o apetite, que da vontade de comer, carne grelhada e fresca, se passar um pouco fica rançosa, isso é muito importante".

A chefe de cozinha destaca ainda, que as irregularidades apontadas na operação são graves, já que afeta diretamente a saúde da população. "Infelizmente, nós consumidores que somos a ponta dessa cadeia de distribuição alimentar, corremos muitos riscos, tem que saber que se a pessoa que está a frente da distribuição, é responsável por fazer a avaliação e controle. Se  for corrompível, ela vai usar mecanismos para maquiar esse produto até chegar a você. Por isso é importante a experiência, você olha e já percebe que o produto não está legal, entra em contato direto com fornecedor e registra a queixa. Esse problema da operação é mais um dos absurdos que acontecem no nosso país e que todos os dias estamos nos deparando com denúncias de corrupção. Essa é uma das piores denúncias, porque mexe diretamente com a saúde do consumidor, isso é inadmissível".